Os investimentos em publicidade digital ainda estão em enorme descompasso com o nível de penetração da internet no Brasil. Um amostra elaborada pela agência de publicidade digital Razorfish, com base em estudos de vários institutos de pesquisas, revela que, embora o tempo gasto pelo brasileiro na web seja quase 20% maior do que a média mundial, o orçamento destinado pelas agências de publicidade a anúncios on-line é quase três vezes menor do que a média global.
De acordo com dados da comScore, os brasileiros gastaram 26,7 horas na web em setembro do ano passado, enquanto a média mundial foi de 22,3 horas no mesmo período. Ao mesmo tempo, dados do International Advertising Buerau (IAB) mostram que, enquanto em 2009 a média mundial orçamentária para internet foi de 12,1%, no Brasil este número caiu para 4,4% – em países como Suécia e Reino Unido, onde a publicidade on-line já é bastante difundida, as médias foram de 23%, em ambos os países.
Para o vice-presidente mundial de estratégia da Razorfish, Joe Crump, o desequilíbrio acontece, principalmente, por conta de uma mentalidade conservadora da maioria dos publicitários, que não encaram a classe C como público alvo e nem como mercado consumidor. No entanto, segundo levantamento do São Paulo Media Group, no ano passado, os 95 milhões de brasileiros da classe C responderam por 46% de toda a renda da população.
Crump acha que o descompasso dos investimentos em publicidade digital e o uso real da web no Brasil deixa a rede mundial na eterna classificação de oportunidade de negócios. Por isso, sustenta que as empresas precisam enxergá-la como um cenário real de busca de clientes e forma de ganhar dinheiro.
O executivo da Razorfish alerta para o fato de que, enquanto o mundo se desenvolve em torno da internet e procura formas de capitalizar os recursos da web, o Brasil vem mostrando alheio a ela, encarando-a apenas como mais um meio de comunicação. Para Crump, "a internet funciona por meio de engajamento e não apenas da comunicação. Investir em publicidade on-line não é só vender anúncios e banner, e sim toda uma estratégia que as empresas do Brasil ainda falham em ver".
Junto com o estudo, a Razorfish anunciou o início de suas operações no Brasil.
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