O processo de compensação de cheques entre bancos envolve a troca de arquivos com a imagem digitalizada desses cheques, em um processo chamado de truncagem. O que pouca gente sabe é que o tamanho individual desses arquivos pode gerar, em grandes volumes, uma sobrecarga nas redes de telecomunicações que interligam os bancos.
O sucesso da truncagem de cheques no Brasil depende, portanto, de uma padronização do tamanho dos pacotes que irão trafegar nas redes bancárias. Essa é a opinião de Victor Lopez, diretor de processos de pagamento e imagem da Unisys para a América Latina. O executivo revelou que alguns dos maiores bancos do Brasil estão se mostrando muito resistentes no sentido de adotar um formato de cheques mais "limpo", que reduza o tamanho das imagens digitalizadas. De acordo com ele, esse modelo mais "image friendly", como se diz no jargão técnico, reduziria o tamanho dos cheques digitalizados de 35 a 40 kbytes para uma média de 18 a 25 kbytes e viabilizaria o tráfego das informações entre os bancos. "Em vez disso, temos visto alguns grandes bancos apegados ao seu modelo gráfico de cheques, pouco dispostos a colaborar com a truncagem no país", diz Lopez, sem querer revelar nomes. O fato de terem redes com maior capacidade de transmissão, segundo Lopez, contribui para que essas instituições não se importem muito com a quantidade de bytes dos seus cheques digitalizados. Porém, ele lembra que em períodos de pico o sistema bancário chega a processar 1 milhão de cheques por dia no país e que por isso é preciso haver uma colaboração de todos os bancos para não criar gargalos, principalmente nas redes das instituições financeiras de menor porte. "Metade dos cheques transacionados nos bancos menores são dos grandes bancos e eles serão prejudicados se não houver padronização dos cheques". Lopez diz que a Unisys está negociando o redesenho dos cheques de um grande banco no país e que em Singapura houve a tal padronização gráfica, o que facilitou o tráfego dos cheques digitalizados e o processo de truncagem como um todo.
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