A 60ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SPBC), realizada esta em Campinas, interior de São Paulo, foi marcada pela reivindicação de maior participação de cientistas e da sociedade nos debates sobre o marco regulatório do setor de telecomunicações. No evento, especialistas ressaltaram ainda a importância de conciliar conhecimento técnico com participação cidadã para democratizar as tecnologias digitais, em particular na implementação da TV digital.
O superintendente de serviços de comunicação de massa da Anatel, Ara Apkar Minassian, ressaltou que a atualização da legislação tem de considerar que as redes de radiodifusão, internet, telefonia e TV a cabo devem convergir usando a mesma tecnologia para oferecer diversos serviços. "As comissões brasileiras de comunicação, abertas à participação de todos, são uma oportunidade para que os brasileiros tenham acesso ao que é discutido em fóruns internacionais e possam influir nas decisões nacionais", sugeriu ele, ao enfatizar que é preciso que a sociedade e os pesquisadores participem do debate sobre o modelo regulatório do setor das telecomunicações.
A falta de colaboração da comunidade científica impede que a televisão digital no Brasil se torne um instrumento de inclusão social e democratização, segundo o professor do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Sérgio Bampi.
Para Marcelo Zuffo, professor do Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), a TV digital no Brasil superou a tecnologia japonesa e despertou a comunidade científica local "de um sono profundo".
Segundo ele, a TV digital significa um avanço importante, que atualizou, no Brasil, o casamento entre ciência e tecnologia. "A dinâmica da TV digital fez a comunidade científica despertar de um sono profundo. O Brasil superou a tecnologia japonesa", afirmou ele, ao enfatizar a necessidade de maior participação da comunidade científica nas decisões sobre o setor.