Cerca de mil operários da fábrica da Dell em Hortolândia, no interior de São Paulo, paralisaram as atividades nesta terça-feira, 17, por cerca de meia hora para protestar contra a não abertura de negociações da empresa em relação a reivindicações trabalhistas e como advertência para uma possível greve. Segundo informações do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e região, foi decidido em assembleia que os empregados atrasem o início da jornada em meia hora, todos os dias, até o próximo domingo, 22, quando haverá nova reunião para decidir o futuro da paralisação.
Os trabalhadores exigem aumento do piso salarial para R$ 2.092, reajuste de acordo com o índice inflacionário no período de agosto do ano passado e julho deste ano, que foi de 4,5%, aumento real dos salários de 8,5% e redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem redução salarial. Hoje, os empregados têm piso salarial de R$ 1 mil e trabalham 44 horas por semana.
Ao todo, a paralisação envolveu fábricas de oito empresas da região de Campinas e cerca de 9,5 mil trabalhadores. Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da região, Jair dos Santos, a decisão de atrasar meia hora por dia foi tomada porque uma pauta de reivindicações foi enviada à Federação das Indústrias do Estados de São Paulo (Fiesp) há mais de 30 dias e nenhuma das empresas sequer se pronunciou sobre o assunto. De acordo com ele, no domingo será decidido se o atraso aumentará para uma hora, duas horas ou meio período.
Procurada pela reportagem de TI INSIDE Online, a Dell negou a existência da paralisação de advertência. Por meio de sua assessoria de imprensa, a companhia disse que a fábrica de Hortolândia está funcionando normalmente e os funcionários atrasaram por causa de uma assembleia, e não de paralisação.
Comando "rejeitado"
Embora de outra ordem, fabricante de PCs enfrenta problemas também nos Estados Unidos. Parte do conselho de administração rejeitou a permanência de Michael Dell como CEO da companhia. Ao todo, 25% dos votos dos acionistas se opusseram à permanência do executivo no comando da empresa. No mês passado, o executivo pagou US$ 4 milhões ao governo dos EUA para se livrar de um processo de investigação por supostamente manter relações ilegais com a Intel. Michael Dell é acusado de receber quantias não declaradas de dinheiro da fabricante de chip para acobertar um suposto esquema de suborno criado para que a Dell usasse apenas produtos Intel. Além dos US$ 4 milhões do CEO, a fabricante de PCs ainda pagou US$ 100 milhões à Securities and Exchange Commission (SEC), órgão regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos, para acabar com o litígio (veja mais informações em "links relacionados" abaixo).
Dell recebeu 377,7 milhões de votos contrários à sua permanência no cargo e 1,1 bilhão a favor – cada voto corresponde a uma ação da empresa, somando cerca de 1,5 bilhão de votos. O resultado da votação para o conselho diretor da companhia vem sendo considerado por analistas do mercado como um sinal claro de rejeição à gestão do executivo. Segundo informações que circulam na imprensa internacional, o resultado da votação é histórico, já que o executivo nunca teve mais do que 4% de rejeição dos acionistas. Michael Dell, no entanto, continua no cargo.
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