A Net Serviços, que tem a Embratel como acionista, não esconde que sua estratégia com a compra da Vivax é fazer frente, sobretudo, à Telefônica no Estado de São Paulo na briga pela oferta de serviços de voz, dados e vídeo.
Vale a pena dar uma olhada nos indicadores da arena de batalha, com base nos dados do Atlas Brasileiro de Telecomunicações de 2006, da Editora Glasberg, que edita as revistas Telaviva,Teletime e TI Inside.
No Estado de São Paulo, a Net poderá operar, se quiser, em 43 cidades (em duas delas, a Vivax ainda não entrou em operação comercial plena, o que demandaria alguns investimentos).
É bem menos do que as mais de 620 cidades em que a Telefônica opera, mas que representam o que o Estado tem de melhor. Estas 43 cidades paulistas representam 22,8 milhões de habitantes, ou seja, 57% da cobertura da Telefônica em todo o Estado. Há 6,6 milhões de domicílios nas cidades que são servidas pela Net/Vivax, correspondentes a 58% da cobertura da Telefônica em São Paulo.
Destes domicílios nas cidades em que a Net está ou estará com a compra da Vivax, 2,6 milhões são de classes A e B, com maior potencial de compra, portanto. Isso significa que a Net está ou estará em cidades onde se concentram 66% dos seus domicílios A e B da Telefônica.
Em outras palavras, nas classes A e B a Telefônica só não terá competição em 34% de seu mercado. As cidades cobertas pela Net/Vivax no Estado de São Paulo representam 20% do Índice Potencial de Consumo (IPC) do Brasil, segundo o Atlas Brasileiro de Telecomunicações, enquanto a Telefônica, cobrindo praticamente todo o Estado de São Paulo (fora a área da CTBC), pode chegar a no máximo 30% do IPC.
Ou seja, a Net, unida com a Vivax, pode representar uma importante competidora para a Telefônica com a oferta de serviços triple-play.
Mercado maior
E não pára por aí. Olhando-se o Brasil inteiro, e não apenas o Estado de São Paulo, a Net Serviços/Vivax (e, portanto, a Embratel), tem um mercado potencial até maior do que o da Telefônica.
A operadora tem rede em cidades que somam 51 milhões de habitantes (contra 39 milhões da Telefônica), 15 milhões de domicílios (contra 11,2 milhões da Telefônica), sendo 5,6 milhões nas classes A e B (contra 3,9 milhões da Telefônica) e, finalmente, chega a 44% do potencial de consumo nacional (contra 30% da Telefônica).
É claro que é preciso fazer a ressalva que a Net não tem rede atendendo a todos os domicílios das cidades cobertas e nem toda a rede que possui está preparada para serviços de voz e dados. Mas o filé mignon está atendido. Vale lembrar que a Telefônica também tem algumas operações fora do Estado de São Paulo, mas são operações restritas, praticamente para clientes corporativos.
Competição difícil
A vida da Net/Vivax não será fácil, contudo. Em praticamente todas as cidades do Brasil onde a Net está, há banda larga em ADSL ou em outras tecnologias. Isso acontece no Estado de São Paulo em 100% das cidades.
Todas as cidades atendidas pela Net e pela Vivax têm ADSL da Telefônica (ou da CTBC), todas têm pelo menos três empresas de telefonia celular, já há 11,6 milhões de linhas fixas instaladas e as cidades têm teledensidade fixa média de 36%, contra 28% da média nacional