Após compra da operadora norte-americana Sprint, a japonesa SoftBank volta a apostar na política agressiva de aquisições e anuncia a aquisição da companhia distribuidora de dispositivos móveis novos e recondicionados norte-americana Brightstar. Segundo informou a empresa asiática nesta sexta-feira, 18, o acordo definitivo foi selado a um valor de US$ 1,26 bilhão para a compra de 57% das ações, assumindo o controle da empresa. Como parte da transação, que deverá ser concluída até o final do ano, a joint venture Buying & Innovation Group (BIG), criada para melhoria de eficiência e de custos nas operações da SoftBank, Sprint e Brightstar, vai se tornar uma divisão desta última.
Assim, a Brightstar se tornará a fornecedora exclusiva de handsets, acessórios e serviços para "certos afiliados de telecom da SoftBank", além de ter prioridade na hora de prover cadeia de fornecimento, seguro para handsets, varejo e outros serviços. A empresa deverá comprar para a operadora japonesa mais de US$ 20 bilhões nesses equipamentos, tornando-se, de acordo com as companhias, uma das maiores compradoras de dispositivos móveis do mundo. O acordo prevê ainda a oferta de produtos e serviços da SoftBank para mais de 200 operadoras móveis, 40 mil varejistas e 15 mil companhias no mundo.
Atualmente, a Brighstar tem presença local em mais de 50 países, receitas de US$ 7 bilhões e EBITDA de aproximadamente US$ 260 milhões nos 12 meses encerrados em junho de 2013. A sede da empresa continuará em Miami, na Flórida, e o CEO e presidente Marcelo Claure permanece no cargo, mantendo 43% das ações. Entretanto, o acordo prevê que, "em decorrência de certos eventos" nos próximos cinco anos, a participação da SoftBank crescerá para 70%.
Análise
A SoftBank tem se tornado um dos grandes investidores do setor nos últimos meses. A japonesa investiu aproximadamente US$ 21,6 bilhões na compra da Sprint em julho deste ano, ficando com 78% da companhia. Além dessa operação, a operadora asiática investiu nesta semana mais US$ 1,53 bilhão na compra da desenvolvedora de games móveis Supercell, assumindo 51% do capital da empresa.
Juntando as três operações, a companhia investiu US$ 24,39 bilhões em três meses. Ao todo, a empresa tem pelo menos 16 negócios em telecomunicações e mobile (incluindo provedores de acessos fixos e desenvolvedoras para plataformas móveis), a maioria na Ásia, além das operações da Sprint e SoftBank America nos Estados Unidos.
A Brightstar possui subsidiária no Brasil: a Simm, dona da fabricante brasileira de feature phones MEU. Entretanto, pelo menos na lista oficial de empresas controladas diretamente pela SoftBank, não há investimentos na América Latina até o momento. Mas o apetite voraz da empresa poderia ser aproveitado aqui, caso a novela da Telecom Italia com a Telefónica se resulte em uma eventual (e necessária, se houver realmente aumento na participação de capital) venda da TIM Brasil.
A saúde financeira permitiria tal movimento. A SoftBank ainda detém fatia de 36,7% de uma das maiores empresas de comércio B2B online da China, o Alibaba, que deverá abrir capital em breve. No ano fiscal encerrado em 31 de março, a empresa acumulou receita de 3,378 trilhões de ienes (cerca de US$ 35,9 bilhões), com lucro operacional de 745 bilhões de ienes (US$ 7,921 bilhões).