Os desafios do setor de Datacenter na era da computação quântica

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Uma das leis mais conhecidas da Física é o princípio da impenetrabilidade da matéria, "um corpo não pode ocupar dois lugares no espaço ao mesmo tempo", é ou não é, está ou não está. Este preceito foi estendido à computação com o sistema binário de 0 e 1, mas foi sendo subvertido – assim como na Física – com a computação quântica, na qual os bits quânticos (qubits) podem ser 0 e 1 ao mesmo tempo, existindo de forma superposicionada em mais esta possibilidade de leitura e processamento de dados.

Desta forma, a computação quântica permite melhor densidade no armazenamento de dados, rapidez na análise, agilidade na execução de testes, verificação de cenários e na entrega de respostas, permitindo escalabilidade, eficiência, assertividade e segurança no processamento de dados complexos. Tal habilidade é essencial não só para resolver novas demandas da evolução tecnológica do conhecimento humano em campos como modelos de linguagem computacional, criptografia, cibersegurança, sistemas financeiros, nanotecnologia, saúde e farmacologia molecular, mas e inclusive diante da expansão do uso de Inteligência Artificial (e toda estrutura de machine learning que isso demanda), alterando e escalonando situações que vão demandar ainda mais processamento, avaliação de cenários, predições/probabilidade e decisões baseadas em dados, entre outros.

Esse modelo de computação ainda tem operação limitada a grandes empresas, universidades e centros de pesquisa, porém sua aplicação já está disponível ao público, como a nuvem quântica que a IBM anunciou aos clientes do mundo inteiro com a operacionalização de um novo processador quântico em seu Quantum Data Center na cidade norte-americana de Poughkeepsie, no estado de Nova York. É uma área que vai demandar ainda mais mão de obra especializada em tecnologia para seus softwares – a lógica de programação quântica não é binária, lembra? – e hardwares diferenciados, e uma atenção especial acaba sendo direcionada aos datacenters. 

Se a melhor densidade de armazenamento de qubits pode soar como maior aproveitamento de espaço e, teoricamente, um alívio à alta demanda por centros de processamentos de dados, a realidade é que a computação quântica agrega uma sorte de exigências em infraestrutura. É preciso processador e memórias específicos e direcionados à computação quântica para dar suporte à operação, diferentes daqueles em datacenters "comuns". A eficiência energética também pode sofrer mais pressão, pois o lidar com os qubits demanda o mínimo de interferências eletromagnéticas e temperaturas extremamente baixas, próxima ao zero absoluto. Isso aumenta a carga sobre o consumo de energia elétrica em sistemas de resfriamento e dissipação de calor como também as emissões de carbono na indústria de dados, um item que chama cada vez mais atenção de empresas e consumidores em um mundo de eventos climáticos extremos.

Estamos diante de mais uma ramificação da evolução tecnológica que se apresenta não como um futuro distante, mas como um cenário que exige ações a curto, médio e longo prazo para ir ao encontro das necessidades que se apresentam e do cenário que se impõe. 

De um lado, vemos iniciativas como a do Laboratório Lincoln de Supercomputação do Massachussets Institute of Technology (MIT) para desenvolver tecnologias que auxiliem na eficiência energética de datacenters, uma vez que as projeções indicam que eles irão consumir um quinto da produção energética mundial em 2030 na atual escala de uso computacional. Do outro, a necessidade de desenvolver talentos e trabalhar em soluções de criptografia e segurança que possibilitem o uso seguro da computação quântica, já que pessoas e grupos mal-intencionados podem usar a mesma tecnologia para fraudes, roubos e outras aplicações criminosas.

Uma diferença essencial desta ramificação quântica na evolução tecnológica é que temos coordenadas do que precisa ser feito, direcionamentos quanto aos caminhos a tomar para estarmos aptos a dar respostas ao mercado quando a computação quântica se difundir entre o público em geral. Aquele momento em que se popularizar o novo conceito quântico de que dois qubits podem ocupar o mesmo lugar no espaço.

José Roberto Rodrigues, country manager da Adistec Brasil.

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