Embora ainda em fase muito experimental, a "TV 2.0", como vêm sendo chamadas as novas plataformas de distribuição, sobretudo via Internet, pode gerar boas oportunidades de negócios para anunciantes e provedores de conteúdos.
Este foi um dos temas debatidos nesta quinta, 19/4, no MipTV 2007, que termina esta sexta-feira em Cannes, França.
Patrick Walker, diretor de parcerias de vídeo do Google (dono do portal de vídeos YouTube), lembrou que há dois anos este serviço sequer existia, e que as plataforma estão crescendo em alta velocidade, mudando não só a TV, mas a sociedade. "Até a política está mudando. Todos os candidatos à presidência da França têm canais no YouTube", lembrou.
Para ele, a mídia passará por um processo darwiniano, e quem não se adaptar à nova realidade corre risco de desaparecer. Ele ressaltou a força que as comunidades de usuários estão ganhando, e lembrou que o YouTube não é apenas um portal de conteúdos de usuários (UGC, ou user generated content), mas uma plataforma aberta onde empresas e pessoas podem veicular seu conteúdos.
O clube de futebol inglês Chelsea, por exemplo, criou um canal no YouTube para se comunicar e receber vídeos de seus torcedores. A resposta foi imediata e hoje o canal veicula um milhão de vídeos por dia, sendo que os melhores acabam sendo transmitidos pela própria TV do clube.
TV melhorada
Fazer uma televisão melhor para os anunciantes, produtores de conteúdos e usuários. Esta é a missão do Joost, nas palavras de seu chief creative officer, Henrik Werdelin, que também participou do MipTV.
Melhor para os produtores, que ganham uma plataforma para distribuir e "monetizar", para usar a expressão da moda, seus conteúdos.
Melhor para os anunciantes, porque oferecer um público muito mais qualificado, com os anúncios sendo direcionados exatamente para o target, sem dispersão.
E melhor para os usuários, que ganham opções de conteúdo, interatividade, recursos avançados de navegação e ferramentas criativas, como um EPG editável.
Resta saber se esse mundo novo acontecerá de forma tão suave quanto prevêem estes visionários. O problema da banda, por exemplo, é um obstáculo. Não só os provedores de conteúdo vêm tendo gastos cada vez maiores com suas conexões, como também as empresas de cabo, preocupadas com a possível concorrência dos conteúdos online, vêm, nos EUA principalmente, restringindo a circulação dos serviços de vídeo digitais em suas redes de banda larga, prejudicando a experiência do usuário.