Apesar da retração econômica de 2017, os gastos e investimentos em TI registrou um ligeiro crescimento, passando de 7,6% nos últimos dois anos para 7,7% das receitas das empresas. Essa é uma das constatações da 29ª Pesquisa de Uso de TI nas Empresas da Escola de Administração de Empresas de São Paulo – EASP – da Fundação Getúlio Vargas, divulgada nesta quinta-feira, 19, revelando ainda que o custo anual de TI por usuário continua a crescer, atingindo a cifra média de R$ 39,9 mil anuais.
Segundo o coordenador da pesquisa, prof. Fernando S. Meirelles, esse custo deve crescer nos próximos anos de acordo com as informações coletadas em oito mil médias e grandes empresas, com dados validados em 2.560 delas no começo do ano. Outro fato que chamou atenção, é que a venda anual de computadores que tinha caído quase pela metade em 2016, continuou estável com 12 mil unidades em 2017, ano em que o destaque foi o crescimento das vendas de notebooks e desktops e a queda de tablets.
A pesquisa mostrou ainda que o país tem 394 milhões de dispositivos (computador, notebook, tablet e smartphone), média de 1,9% disposto por habitante. Se separarmos apenas smartphones, temos 220 milhões de unidades, portanto mais de um por habitante. Se considerarmos apenas os dispositivos móveis são 306 milhões de unidades, média de 1,5 por habitante. Quando olhamos apenas computadores, temos 174 milhões de unidades (PC, notebook e tablets) em uso no Brasil atualmente, isto é 5 computadores para cada 6 habitantes (83% per capita);
Meirelles explica que o crescimento do smartphones de uso pessoal no trabalho está acelerando a ruptura no uso, compra e comportamento digital das empresas. Isso, inclusive, está provocando uma transição na metodologia de como a pesquisa vinha sendo realizada até então, onde as estimativas eram comparadas com os números de teclados, e agora passam a considerar o número de usuários de TI. "Como acontece no mercado de saúde onde a medida é o numero de leitos; no de bancos, de correntistas; no de TI será de usuários", explica.
A pesquisa confirma que o setor bancário é que mais gasta e investe em TI, com uma média de 14,8%, contra 11,1% de serviços, indústria, 4,7% e comércio, 3,6%. A média geral é de todos os setores é de 7,7%.
Software
Além da base instalada, a pesquisa também mostra o uso de softwares básicos e aplicativos utilizados pelas empresas no país. A novidade é o crescimento do Google com uma fatia de 17% de mercado no segmento de browser (contra 76% da Microsoft) e 13% no de correio eletrônico, com 13% (contra 74% da Microsoft). "Apesar da diferença, em 2017 houve um salto de crescimento na participação do Google, que continua avançando", diz Meirelles. Os demais concorrentes dessas duas categorias têm menos de 6%.
Outra categoria onde aparece uma surpresa é a de ferramentas analíticas (BI e similares), onde a Qlik registrou 9% na média geral. Nessa categoria SAP lidera com 26%; Oracle, 19%; Totvs, 16%; MS-Dynamics,13%; IBM, 10%; outros, 7%. Quando se avalia a adoção por grandes empresas (com mais de 700 teclados) a participação da SAP sobe para 35%; Oracle com 27%/ Totvs com 7%; Dynamics, 7%; IBM, 14% e Qlik, 9%.
No segmento de software de gestão integrada (ERP) a surpresa negativa é a Oracle, cuja participação é de 15% contra 35% da Totvs e 31% da SAP. Um dos motivos para isso é que o Gartner, em 2015, retirou a Oracle como líder no quadrante mágico, colocando em seu lugar o IFS Application (junto com SAP) com maior habilidade de executar e abrangência da visão das necessidades do produto.
Na categoria de ERP para companhias de grande porte, a SAP domina com 50% do share de mercado, seguida por Totvs, com 20%; Oracle com 18%; Infor com 6%. Quando assunto é pequena e média empresa, a Totvs domina com 50% de participação em empresas com até 170 teclados e 38% em empresas entre 170 e 700 teclados. "A Totvs pode ser considerada um sucesso no Brasil, pois não existe uma empresa com essa participação em seu país de origem. Nem na Alemanha, a SAP tem essa liderança de mercado", enfatiza Meirelles.
Um resumo dos resultados da pesquisa, que vem sendo realizada por 29 anos consecutivamente, pode ser consultada no endereço www.fgv.br/cia/pesquisa