O Porto de Suape foi escolhido pela Comissão Especial para Debate de Políticas Públicas sobre Hidrogênio Verde (H2V) do Senado para a primeira visita externa do colegiado, realizada na manhã desta sexta-feira (19/5). No atracadouro pernambucano, os senadores conheceram a estratégia do estado para atrair negócios e se tornar um polo produtor, de pesquisa, desenvolvimento e inovação com foco no chamado "combustível do futuro".
"Estudos realizados por empresas de pesquisa internacionais, como a BloombegNEF, indicam que o Brasil tem condições de se tornar um dos principais produtores e exportadores mundiais de hidrogênio verde e o Complexo de Suape oferece localização estratégica e as condições necessárias se transformar um dos principais polos de produção de H2V do país", pontuou o secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Guilherme Cavalcanti.
O secretário fez uma apresentação para os senadores Cid Gomes, presidente da comissão, e Fernando Dueire, que integra o colegiado. Guilherme Cavalcanti destacou a infraestrutura do Porto de Suape e como a produção de H2V dialoga com a tradição de geração de energia limpa de Pernambuco – representada pelo etanol e usinas de biomassa do setor sucroenergético – e com a instalação recente de grandes projetos de energia solar e eólica no estado.
"Além de conhecer o que está sendo desenvolvido em Pernambuco, queremos nos colocar à disposição para contribuir nesse trabalho. O Brasil precisa amadurecer uma legislação, uma regulação, que possa dar segurança à iniciativa privada para que possam ocorrer investimentos na área de pesquisa e produção do hidrogênio verde", comentou o senador Cid Gomes.
TecHub Suape
Um dos projetos apresentados ao colegiado foi o TecHub H2V, iniciativa liderada pela CTG Brasil (uma das principais empresas de geração de energia limpa no país), em parceria com o Departamento Nacional do Senai, Senai Pernambuco e o Governo de Pernambuco. O empreendimento contribuirá significativamente no processo de descarbonização do complexo, por meio do projeto Carbono Zero.
Idealizado em julho de 2022, o TecHub é uma plataforma de pesquisa, desenvolvimento e inovação, com foco no H2V. O empreendimento será voltado para a implementação, em Suape, de projetos inovadores nas áreas de produção, transporte, armazenamento e gestão de hidrogênio verde. Juntos, esses projetos receberão inicialmente investimentos de até R$ 45 milhões. As propostas foram selecionadas por meio de chamada pública promovida pelo Senai e pela CTG Brasil.
Para o presidente de Suape, Marcio Guiot, o espaço será um ambiente voltado para novos modelos de negócio na transição energética. "Nosso objetivo é ser um local preparado para receber novas tecnologias voltadas para o mercado da descarbonização. Isso reafirma o compromisso de Suape com a Agenda ESG (sigla em inglês para gestão ambiental, social e de governança)", detalhou o executivo.
"Queremos atrair indústrias que tenham interesse em utilizar o combustível do futuro em suas atividades, para fomentar, cada vez mais, a cadeia de valor do hidrogênio verde no Brasil. Quando a planta estiver funcionando, o projeto pode vir a se transformar em um case de sucesso internacional", acrescentou.
Estrutura
O empreendimento ocupará uma área de 1,38 hectare, a apenas 1 quilômetro do edifício-sede de Suape. A estrutura contemplará usinas solares, três usinas de hidrogênio verde, conjunto de contêineres para o desenvolvimento de projetos, estações de abastecimentos de H2V, além de outros equipamentos que transformarão o porto pernambucano em um laboratório vivo em escala real, com toda infraestrutura necessária para o desenvolvimento, testagem e experimentação de soluções na cadeira do hidrogênio de baixo carbono. As obras vão ser iniciadas este ano e a operação da planta está prevista para 2024.
Comissão
A comissão do senado tem prazo de dois anos para debater políticas públicas sobre o hidrogênio verde (H2V), com o objetivo de fomentar o ganho em escala dessa tecnologia de geração de energia limpa e que incentivem a produção do combustível do futuro. O plano de trabalho do colegiado inclui visitas para conhecer as iniciativas já em andamento no país, a fim de obter subsídios que embasem a elaboração de políticas públicas que fomentem a tecnologia de geração de energia limpa.
"Estamos tentando oferecer uma contribuição ao futuro do planeta, com uma energia que possa ser competitiva e eficiente no médio e longo prazos. Nosso trabalho é sobretudo propor um conjunto de políticas públicas que possam balizar a produção de hidrogênio verde no Brasil, fortalecendo as bases tecnológicas na busca de diminuição de custos, aumento da eficiência, formação de capital humano, planejamento energético, regulação e cooperação internacional", disse o senador por Pernambuco, Fernando Dueire.
Para o diretor de Inovação e Tecnologia do Senai Pernambuco, Oziel Alves, o TecHub Hidrogênio Verde tem o potencial de contribuir de forma efetiva para a transição energética, por meio do desenvolvimento de novas tecnologias que possam viabilizar questões como produção, armazenamento e transporte desse e de outros combustíveis sustentáveis.
"A adoção do hidrogênio sustentável em escala industrial ainda é um desafio em todo o mundo. Com essa iniciativa, o Senai se propõe a colaborar com o fortalecimento de toda essa cadeia e, consequentemente, com a economia de baixo carbono", pontua. "O TecHub é uma das estruturas que fazem parte do Cluster Suape de Inovação Industrial, que irá reunir indústrias, universidades, empresas de investimento e gestão pública no propósito de desenvolver projetos estruturantes para áreas como manufatura avançada, logística e transição energética", acrescenta Oziel.
O que é hidrogênio verde
O hidrogênio é uma matéria-prima que possui aplicação em diversos setores industriais, desde o segmento de alimentos até fertilizantes. Porém, sua produção ainda resulta em milhões de toneladas de emissões de CO2 por ano na atmosfera. Adotando-se fontes de energias renováveis, produz-se o hidrogênio verde, chamado de H2V, a partir da água, uma alternativa promissora na transição global para uma economia de baixo carbono.