A atuação da Portugal Telecom no Brasil pode ter um novo rumo nos próximos meses com a definição da parceria com a Telefónica na Vivo. A palavra de ordem no conselho de administração e entre os acionistas da operadora portuguesa é resistir aos avanços do grupo espanhol, que continua querendo comprar a metade que a Portugal Telecom tem na Vivo, enquanto não surgirem alternativas.
A estratégia da Portugal Telecom depende de futuros desenvolvimentos no mercado brasileiro, com a eventual compra do controle da TIM pela Telefónica e a conclusão da fusão entre a Oi e a Brasil Telecom, que vai dar origem a uma megaoperadora.
Fontes do setor contatadas pela Agência Lusa dizem que a Portugal Telecom tem três opções para crescer no Brasil: manter o status quo na Vivo, investir na megaoperadora resultante da fusão Brasil Telecom-Oi ou negociar com os espanhóis a troca da posição na Vivo pela TIM Brasil, se a Telefónica assumir o controle do grupo TIM, do qual é a principal acionista.
A visão é compartilhada por analistas como Javier Borrachero, do ING Wholesale Banking, que defende que o melhor cenário para a operadora portuguesa ficar com a TIM. Segundo o especialista, a medida ?permitiria a Portugal Telecom manter a sua exposição num mercado em grande crescimento?, com a vantagem de o poder fazer numa ?posição de controle? naquela que é a terceira maior operadora móvel brasileira.
Apesar disso, o analista acredita que a compra da TIM ?não é muito provável?, apostando na possibilidade de um investimento da operadora portuguesa na megaoperadora resultante da fusão entre a Brasil Telecom e a Oi, embora com a desvantagem de não ter o controle do negócio.
Possibilidades
Outro analista internacional, que pediu para não ser identificado, afirmou que a melhor solução para a Portugal Telecom seria ?comprar uma participação na Oi?, caso não seja finalizada a fusão com a Brasil Telecom, uma vez que a criação da megaoperadora ainda depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). ?A hipótese da TIM é mais de longo prazo, pois não espero que a Telefónica compre a Telecom Itália em breve?, acrescentou o mesmo especialista.
Uma análise que coincide com a posição de fontes da Telecom Itália contatadas pela Agência Lusa, que afirmaram que o grupo italiano (que tem a Telefónica como acionista de referência) e a TIM Brasil pretendem continuar sendo empresas independentes, contando com o apoio do governo brasileiro.
A manutenção da parceria na Vivo é vista pelos analistas como um mal menor, pois para a Portugal Telecom o essencial é se manter no Brasil. A Vivo representa 40% dos resultados operacionais (Ebitda) da operadora portuguesa, porcentagem que deverá aumentar nos próximos anos.
Eles também acreditam que a recuperação dos resultados da Vivo, registrada nos últimos trimestres, poderá contribuir para melhorar a relação entre portugueses e espanhóis. No primeiro trimestre, a Vivo viu suas receitas crescerem 22%, na comparação com os três primeiros meses de 2007, para 666,6 milhões de euros (R$ 1,6 bilhão).