A Internet das Coisas chegará a 50 bilhões de conexões em 2023, sendo que a América Latina terá o maior crescimento de todas as regiões, com 26,7%, totalizando 995,5 milhões de acessos. A previsão é uma prévia de estudo divulgada nesta terça-feira, 19, pelo diretor de Pesquisa e Consultoria da Frost & Sullivan Brasil, Renato Pasquini, durante o IoT Business Forum em São Paulo. "Vamos passar de 1,4% para 2% do total. A escala maior estará na China, Índia e Estados Unidos, mas o volume latino-americano não é desprezível", defende. O Brasil é o maior mercado da região, representando 45% desse total.
No mercado da América Latina, o maior crescimento previsto está na área de eletrônicos de consumo (como assistentes pessoais e sistemas de automação residencial), que sairá de 16,2 milhões de dispositivos em 2017 para 104,9 milhões em 2023, um avanço de 36,5%. Em adições líquidas, o mercado de automação predial, segurança e monitoramento sairá de 103, milhões de conexões para 389,2 milhões no período, um avanço de 24,7%.
Pasquini destaca ainda a área de smart metering/smart grid, que aumentará 22,2% e chegará a 35,6 milhões de acessos. "No Brasil temos modelo de tarifa branca em que o usuário pode optar pelo medidor inteligente se for vantajoso para ele. Como não é mandatório, acaba limitando um pouco a previsão", diz, comparando com a legislação no México, que determinou obrigatoriedade para a migração.
Redes
Segundo Pasquini, a Frost & Sullivan "vê com boas perspectivas" a evolução do mercado de redes de baixo consumo energético e grande alcance para IoT, a LPWAN. A consultoria estima um crescimento médio anual de 155% em seis anos, sendo que a expectativa é de começar a ganhar esclaa em 2021. Assim, sairá de um mercado quase inscipiente para 40,3 milhões de conexões em 2023. "Sigfox e LoRa têm tido expansão significativa, com casos de usos bem implementados", declara. "Operadoras e vendors tradicionais estão correndo atrás com banda licenciada em NB-IoT, têm diferentes tipos de implantação, mas no Brasil ainda está em laboratório."
Para o diretor de negócios da WND Brasil, Eduardo Iha, a vantagem do Sigfox será a promessa de baixo custo ("não necessariamente ligado à falta de segurança", ressalta), baixo consumo e alta cobertura. O modelo de negócios é baseado na possibilidade de conexão entre várias plataformas sem necessidade de roaming – a companhia opera na faixa de 902 MHz nas Américas e 868 MHz na Europa, ambas não licenciadas. "A rede já existe, tem ampla cobertura e robustez contra ação de jammers", destaca, citando ainda o preço baixo do dispositivo (abaixo de US$ 10) e da conectividade (cerca de US$ 1 por ano).
Há a possibilidade de uso de satélite também. Segundo o gestor de produtos b2b da Hughes Brasil, Guilherme Netto, a empresa possibilita contornar o problema de custo por meio de uma tecnologia alternativa, chamada comercialmente de IoT Sat, mas que não utiliza IP, e sim protocolo de mensageria. "Estou falando em telemetria, com baixo consumo de energia, para rastreamento e nota fiscal", explica. O módulo consegue enviar e receber pacotes de baixo volume e funciona tanto para estações fixas, como um poste de luz, quanto soluções móveis, como carro conectado.
Outra tecnologia considerada para o futuro da IoT é o do eSIM. O diretor de estratégia, tecnologia e arquitetura de rede da Oi, Mauro Fukuda, entende que o chip virtual já uma realidade, como o que acontece nos iPads. "A Oi já está avaliando. Vai ser o futuro e acredito que realidade em breve para todas as operadoras", avalia.