Do Brasil à América Latina: o mercado de pagamentos digitais além da fronteira

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A revolução dos pagamentos digitais é um fenômeno global irreversível. Mas ele opera em velocidades diferentes. Enquanto na China os turistas percebem que o dinheiro praticamente não é aceito em nenhum lugar (apenas 3,7% das transações são em dinheiro), a América Latina ainda mostra o seu atraso. O que significa basicamente duas coisas: que a região ainda está longe do seu desenvolvimento ideal. E que há uma enorme oportunidade de crescer. De acordo com o World Payments Report 2023 da Capgemini, os pagamentos digitais na região terão uma taxa de crescimento anual consolidada de 15,7%, bem acima dos mercados mais maduros, como a Europa ou a América do Norte.

Segundo a McKinsey, o uso de cartões e carteiras digitais já substituiu o dinheiro como principal meio de pagamento na América Latina. O grande salto ocorreu durante a pandemia, com milhões de pessoas e empresas que recorreram massivamente aos pagamentos sem contato. Os dados mostram isso: em 2019, entre 30% e 50% da população adulta tinha conta em banco, número que cresceu para mais de 70% nos últimos anos.

O Brasil tem sido, sem dúvida, o exemplo mais proeminente desse processo. Juntamente com o crescimento do seu próspero ecossistema de fintechs, a criação do Pix em 2020 marcou um antes e um depois. A interoperabilidade possibilitada, ainda mais fortalecida pelo Open Banking, permitiu que bancos, fintechs, varejistas e principalmente empresas e consumidores entrassem na estrada dos pagamentos digitais, mudando radicalmente o cenário das transações cotidianas.

E o crescimento continua. No primeiro trimestre de 2024, segundo a Abecs, os pagamentos digitais cresceram 11,4% em relação ao ano anterior. O fenômeno é tão importante que ultrapassou até as fronteiras do Brasil. O principal processador de pagamentos do Paraguai, o Bancard, habilitou recentemente o Pix em cidades fronteiriças como forma de atrair turistas e outros visitantes. Na Argentina, a exigência de incorporação do Pix foi levantada por comerciantes das áreas turísticas de Buenos Aires. E a partir de 2023 é possível comprar alfajores ou vinho Mendoza com o sistema brasileiro. A maioria das lojas de San Telmo já possuem a placa: Aceitamos Pix!

Este tipo de integração não deveria surpreender numa região com laços culturais e econômicos tão fortes. Embora a América Latina não tenha desenvolvido uma zona comercial formal como a Europa, o setor privado já compreendeu que a região é um mercado completo com grandes oportunidades para as empresas. Os exemplos não faltam: do setor automotivo à energia, ao varejo e, claro, também aos pagamentos digitais.

O Nubank opera com sucesso no Brasil, no México e na Colômbia. Por aqui, o banco digital alcançou neste ano a marca de 100 milhões de clientes e ultrapassou o Itaú como o banco mais valioso da América Latina. E o Mercado Livre argentino já é um dos grandes players do mercado brasileiro. Até os grandes bancos estão se movendo vigorosamente na mesma direção.

Em 2023, o Itaú lançou a plataforma de cobranças Pik no Paraguai. A intenção era atrair uma grande massa de pequenos negócios que, por motivos diversos, não tinham uma solução adequada ao seu volume de vendas. Em apenas um ano, mais de 11 mil empresas paraguaias incorporaram a plataforma para aceitar pagamentos com cartões, transferências e QR. O parceiro escolhido para esse desembarque foi a Geopagos, fintech líder no desenvolvimento de tecnologia de pagamentos com presença em 16 países da região.

Fernando Rodrigues, Country Manager da Geopagos.

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