Atrás de Argentina e Venezuela, o Brasil ocupa a 71ª posição entre as 180 economias mais adaptadas às novas tecnologias de comunicação. Estudo feito pela Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que regiões como a Sudeste podem estar nos mesmos níveis de países ricos. Segundo pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), são 21 milhões de brasileiros sem nenhum tipo de acesso à internet.
Esse cenário de contrastes e de desafios sobre os impactos das tecnologias da informação e comunicação (TICs) foi discutido nesta quarta-feira (19/7) durante a 58ª Reunião Anual da SBPC, em Florianópolis. De acordo com a presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Lúcia Melo, os indicadores demonstram alguns avanços. De 1995, quando foi implantada a internet comercial no Brasil, até hoje, são mais de 5 milhões de usuários conectados à rede. Há quatro anos, em 1998, esse número era de 163 mil.
Os números podem ser comprovados pela mesma pesquisa da ONU, que colocou o país como um dos sete que mais evoluíram no mundo em termos de acesso às tecnologias desde 2001. ?O cenário futuro que se busca é melhorar não só o acesso, mas garantir que esse seja participativo e universal. Isso se daria pela melhoria da produção de conteúdos, com interfaces mais flexíveis e adaptáveis, entre outras ações?, explica Lúcia Melo.
Outra possibilidade que se vislumbra é a implementação da TV digital que, em um cenário de dez anos, vai abrir um leque de opções de interatividade num país em que 98% dos lares possuem aparelho de televisão.
Na abordagem do professor Gilson Lima, da Rede Metodista de Educação IPA, os impactos das TICs foram tratados também sob o ponto de vista da revolução financeira. Em 1950, o Produto Interno Bruto (PIB) mundial girava em torno de US$ 1 bilhão. Hoje, em 24 horas, são processadas, eletronicamente, transações comerciais que atingem essa cifra. ?A riqueza produzida é tanta que já não pode mais ser expressa em papel?, ressalta o professor.
Sob o ponto de vista social, o tema foi apresentado pela socióloga Tâmara Benakouche com foco na emergência da exclusão digital. Para ela, existe uma linha gradual dos níveis de exclusão que resultam em um cenário de déficit de cidadania. ?A escola ainda representa o melhor espaço para promover a inclusão, mas a capacitação dos professores é condição fundamental para que ocorra essa transformação?, destacou Tâmara, que também é professora da Universidade Federal de Santa Catarina.