Tudo indica que a instalação de uma rede GSM na área de atuação da Vivo é irreversível. A licitação promovida pela Vivo entre os fornecedores de GSM teria chegado ao fim, com vitória da Ericsson, para fornecimento do núcleo da rede, e com o acesso dividido entre Ericsson e Huawei.
Nenhuma das partes quis comentar o assunto. O que se sabe é que o edital contempla a instalação de 11.500 estações radiobase (ERBs), das quais 8,5 mil deverão ser implantadas até novembro próximo e o restante ao longo de 2007. Para cumprir uma meta tão apertada, seriam necessários três fabricantes, e não dois, analisa uma fonte que participa do processo licitatório.
Acontece que nem todos os fornecedores estariam dispostos a aceitar as condições rígidas impostas pela operadora.
Além do prazo exíguo, a Vivo teria estabelecido outras metas difíceis de serem atingidas, especialmente em relação a preços. Segundo essa fonte, só mesmo com muito prejuízo seria possível atingir a meta.
Outros fornecedores não teriam conseguido apresentar preço competitivo e ofereceram proposta alternativa, como teria feito a Siemens, confiante de que os cerca de 40% que detém de rede GSM contaria como ponto positivo. A Alcatel, mais distante de uma possível vitória, também aguardava o pronunciamento oficial da operadora, o que deverá acontecer por meio de comunicado à Comissão de Valores Mobiliares.
Uma possível vitória da Huawei não surpreende o mercado, já acostumado a ver propostas agressivas dos fabricantes chineses. Os primeiros comentários indicavam que sequer empatando preço a empresa chinesa poderia obter alguma margem de lucro na proposta. A condição por ela oferecida teria sido ?nitidamente para entrar ou participar do mercado.?
O presidente da Qualcomm no Brasil, Marco Aurélio Rodrigues, reagiu com surpresa diante da decisão da Vivo de investir em GSM. A Qualcomm detém a maior parte das patentes que compõem o padrão CDMA, que está deixando de ser o único a ser utilizado pela Vivo.
O executivo disse que entende que os acionistas do grupo se estressam porque a matriz não domina a tecnologia CDMA. Mesmo assim, não vê necessidade em investir na tecnologia concorrente. Sua surpresa é que ao invés de ir para a terceira geração, os acionistas tenham escolhido métricas que, em sua opinião, não são apenas as econômicas.
Para o padrão CDMA certamente haverá impacto, devido ao tamanho da base de clientes da Vivo. Mas Rodrigues procurou minimizar o fato, argumentando que o grande volume de adições de terminais em rede provém de países como Estados Unidos, Japão, Coréia, China e Índia. ?Então, o impacto não é tão grande quanto possa parecer. Medimos pelas adições, não pelo tamanho da rede?, concluiu. Acontece que uma rede paralela deverá provocar subtrações, e não adições.
Outra aposta é que a Vivo, para não perder o diferencial tecnológico que tem hoje, não demore a partir para uma rede GSM de terceira geração, o que incluiria tecnologias como W-CDMA ou HSDPA, ambas sob a esfera de patentes da Qualcomm. Por outro lado, há o risco de, descontinuando a rede CDMA e parando de pressionar os concorrentes com os serviços 3G baseados na plataforma EV-DO, não haja mais pressão para que as demais operadoras brasileiras (todas em GSM) invistam, no curto e médio prazo, em redes de terceira geração. Mas só o tempo mostrará como esta questão ficará.