Diante da recusa da PT em estender o prazo para análise da oferta de 7,5 bilhões de euros, a Telefónica parece que se aborreceu com a dificuldade em encontar um acordo com os portugueses e teria contratado o escritório de advocacia holandês Brauw Blackstone Westbroek para iniciar um processo para dissolver a Brasicel no Tribunal Arbitral de Haia. A informação foi publicada nesta segunda, 19, pela agência Bloomberg. A imprensa portuguesa repercutiu a noticia ouvindo diversos analistas sobre o assunto. Boa parte deles achou estranho a negativa da Telefónica em estender o prazo por apenas mais 12 dias e a opção pelo tribunal arbitral, onde uma decisão pode levar anos.
Advogados da PT, na Holanda, consideram que uma eventual ação da Telefónica para dissolver a Brasilcel seria mal sucedida, uma vez que faltam fundamentos legais, tendo em conta o acordo parassocial estabelecido na criação da joint-venture. Para os analistas ouvidos pela imprensa portuguesa, a dissolução da Brasilcel é realmente difícil já que o acordo parassocial que criou a holding prevê a dissolução só se PT e Telefónica concordarem.
Os analistas do Barclays Capital acreditam que "a PT estava em busca de tempo adicional para chegar a uma conclusão que lhe permitisse uma saída gradual do Brasil, com o dinheiro a ser recebido em vários passos. Isto também permitiria uma fusão da Vivo com a Telesp". Por isso, concluem que a recusa da Telefónica em prosseguir as negociações "é negativa para os acionistas de ambas as empresas, tal como o possível longo processo legal para a dissolução da Brasilcel".
Há analistas que acreditam que a recusa da Telefónica em estender o prazo seja uma tática para pressionar a PT e o governo a aceitar uma nova oferta, que poderia ser até menor que os 7,5 bilhões de euros que estavam sobre a mesa.
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