IA vs. Empirismo: Estamos explorando o potencial ou permanecendo na zona de conforto?

A Inteligência Artificial (IA) nos proporciona uma vantagem significativa ao possibilitar análises sem os mesmos vieses que influenciam o pensamento humano. É como se o nosso cérebro, com suas limitações emocionais e de processamento, pudesse ser expandido. Inovações importantes emergem dessas análises, revelando padrões que, por vezes, passam despercebidos.

No entanto, parte do mercado parece aceitar que o uso mais comum da IA é o suficiente, muitas vezes aplicando-a apenas como uma tecnologia, e não como uma ferramenta estratégica para os negócios. Quando formulamos uma pergunta a um modelo como o ChatGPT, em geral, já há um viés. Porém, precisamos deixar os dados falarem e, para isso, precisamos modelar os dados e usar técnicas que revelem padrões e comportamentos imparciais.

Passar no teste de Turing, que avalia a capacidade de uma máquina imitar a inteligência humana, não garante que a IA compreenda as necessidades do cliente de forma individual. Com os avanços tecnológicos, temos a oportunidade de utilizar a IA e a transformação digital para oferecer uma personalização ainda maior no relacionamento com os clientes. O desafio é usar essa ciência para não apenas replicar processos, mas para inovar e atender de maneira mais precisa às necessidades de cada cliente, gerando, assim, um impacto positivo.

Ao invés de seguir tendências superficiais, podemos buscar um uso mais estratégico da IA, que nos permita:

• Personalizar a experiência do cliente: utilizar a IA para entender as necessidades individuais de cada cliente e oferecer soluções personalizadas.

• Otimizar processos: automatizar tarefas repetitivas e liberar os colaboradores para atividades mais estratégicas.

• Impulsionar a inovação: utilizar a IA para identificar novas oportunidades de negócios e desenvolver produtos e serviços disruptivos.

Ao explorar as possibilidades da IA, é fundamental considerar os desafios e as limitações da tecnologia. É preciso também ter cuidado para evitar vieses nos dados e nos algoritmos, garantindo que as decisões tomadas sejam justas e imparciais.

Soma de esforços: humanos e máquinas

Além disso, a combinação de IA e habilidades humanas gera resultados superiores aos obtidos por máquinas ou pessoas agindo sozinhas, conforme comprova a pesquisa realizada pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) que demonstrou que a colaboração entre médicos e IA pode melhorar significativamente a precisão dos diagnósticos clínicos.

Em um estudo específico, ao combinar a análise feita por patologistas com métodos automatizados de diagnóstico de câncer baseados em IA, a precisão aumentou de 96% (quando realizada apenas por humanos) para 99,5%.  Essa melhoria se deve à capacidade da IA de analisar grandes volumes de dados, complementando a intuição e a experiência dos médicos com insights baseados em padrões que poderiam passar despercebidos

Exemplos como este reforçam a ideia de que a IA deve ser vista como uma ferramenta poderosa que, quando usada em conjunto com as habilidades humanas, pode transformar processos, melhorar a personalização e criar novas oportunidades para atender as necessidades dos clientes de maneira mais eficaz.

No entanto, um estudo encomendado pela Microsoft para a Edelman Comunicação, sobre como as MPMEs estão vivendo as transformações digitais e qual papel a IA está desempenhando em seus negócios, identificou que com relação a qualificação da força de trabalho e as prioridades de investimentos em IA relacionadas a recursos humanos, apenas 7% das empresas participantes estão investindo na atração de talentos externos com habilidades de inteligência artificial e em treinamentos do quadro atual de funcionários ao mesmo tempo.

Portanto, para aproveitar todo o potencial da IA e construir um futuro mais inovador e eficiente, é fundamental garantir o envolvimento ativo do C-Level, definir uma estratégia focada em desafios reais, cultura e formar squads que atuem de maneira colaborativa. Além disso, a retroalimentação contínua é essencial para uma transformação genuína nos processos e na interação com o mercado.

Ricardo Villaça, CAIO – Diretor de Inteligência Artificial da DLR AI.