É certo que o iPad é um device inovador. Mas ainda não está claro o papel que o aparelho da Apple e o conceito introduzido por ele, de tablets pessoais, desempenharão em um cenário onde o conteúdo será cada vez mais móvel e as mídias convergentes. Entretanto, Jeffrey Cole, diretor do Centro para o Futuro Digital, da University of Southern Califórnia, é taxativo. Para ele, o iPad vai substituir a segunda tela, ou seja, o PC. "Nem todo mundo precisa de um PC. A maioria das pessoas quer surfar na Internet, checar emails ou interagir nas redes sociais. Para isso você não precisa de um PC", afirma ele. Perguntado se ele se referia a tablets em geral ou ao tablet da Apple, ele disse que pode estar errado, mas acredita que mesmo que surjam outros tablets, será o iPad o responsável pelo fenômeno.
Cole também é diretor do Projeto Internet Mundial, um estudo sobre os efeitos do computador e da Internet realizado em mais de 25 países, e um dos mais renomados especialistas em tecnologia, novas mídias e estratégias digitais. Cole atua como consultor de criação de estratégias digitais para governos e grandes empresas e foi conselheiro sobre novas mídias dos governos Clinton e Obama nos EUA.
Ele acredita ser inevitável que a velha mídia migre para a Internet, mas reconhece que nunca farão seu serviço na web tão bem quanto aqueles que já nasceram na web. "A cada momento um leitor de jornal morre e ele não será substituído", afirma. Apesar do tom apocalíptico, ele reconhece o poder que a chamada velha mídia ainda tem nos dias de hoje. "A TV foi a mídia mais poderosa que já inventaram".
Poder esse que, de acordo como uma de suas hipóteses, deverá prevalecer mesmo diante da geração pulverizada de conteúdo proporcionada pela Internet. Para ele uns seis ou sete grupos de mídia globais serão responsáveis pela maior parte do tráfego web no futuro, entre eles a brasileira Rede Globo. Apesar disso, haverá espaço sim para o conteúdo local, de nicho. Considerando um gráfico de long tail, ele acredita que o conteúdo será dominado por aqueles de maior audiência, provido pelos seis ou sete grupos globais. E, na outra ponta, haverá demandas regionais por conteúdo de nicho e local. A tendência é que aquele conteúdo intermediário, pois não é de nicho e nem provido pelos grupos dominantes. Jeffrey Cole está no Brasil à convite da Ericsson e da Mobile Marketing Association Latam (MMA).
- Convergência