A Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) baseia-se no conceito original da internet, que era (e ainda é) composta por redes interligadas globalmente, usadas para diversas tarefas, como transferência de dados, navegação e streaming de mídia. Porém, a IoT não é um conceito que aborda a comunicação entre computadores no sentido tradicional, mas a coleta de dados a partir de uma gama muito maior de dispositivos simples ou sensores que transmitem dados específicos a um ponto de armazenamento semicentralizado ou centralizado.
A arquitetura de rede que temos hoje não suporta a Internet das Coisas. As operadoras brasileiras estão conseguindo, com alguma dificuldade é verdade, atender a demanda por conectividade no limite, e não sem travarem uma batalha com o consumidor. Claramente essa infraestrutura não será suficiente quando Internet das Coisas for, de fato, uma realidade no Brasil.
Do ponto de vista da tecnologia, os sensores a serem utilizados pelos aparelhos têm menos poder de computação e armazenamento, o que vai exigir ainda mais da rede. O que será necessário para suportar a IoT?
Exemplos que mostram o quanto IoT pode mudar nosso comportamento e trazer benefícios não faltam. Uma gama de sensores ligados a pacientes em um hospital, por exemplo, pode transmitir dados para um console central, alertando os médicos e enfermeiros quando certas condições são detectadas. Em casa, aparelhos inteligentes como uma geladeira podem sinalizar a necessidade de novos filtros de água, e termostatos podem gerar relatórios e receber comandos para ajustar a temperatura. Já na agricultura, sensores em animais podem gerar relatórios com informações sobre temperatura corporal e detectar sinais de estresse ou doença.
Com tantas aplicações possíveis, está na hora das operadoras no Brasil começarem a se perguntar qual é o tipo de arquitetura elas precisarão para suportar toda essa demanda. Nos primórdios da computação, terminais eram dependentes de um mainframe para terem alguma utilidade. Mais tarde, o desenvolvimento do computador pessoal dispensou a necessidade de uma unidade central. Porém, com a reintrodução do modelo cliente-servidor, a centralização versus distribuição surgem novamente na pauta, por conta de IoT. E a capacidade da rede em suportar tudo isso também está na berlinda.
Para aplicações da Internet das Coisas, uma abordagem cliente-servidor pode não ser o melhor modelo, mas sim a arquitetura centralizada. Por exemplo, em muitas áreas, os sensores podem ser obrigados a tomar decisões localmente ou se comunicar com mais de uma fonte externa com base nos dados recolhidos. No caso de carros com piloto automático, quaisquer dispositivos de IoT a bordo precisarão tomar algumas decisões instantaneamente.
Ao mesmo tempo, um modelo totalmente distribuído também falhará devido às restrições de custo e tecnológicas que os sensores têm. Isso não permitirá que os recursos de computação e de armazenamento mais pesados sejam integrados aos sensores e o delay aumentará, exigindo muito das redes atuais.
Para atender a demanda atual e a que está por vir, as empresas precisam pensar em como atualizar seu parque existente ou prepará-lo. Pensando em switches inteligentes e com alto throughput, provisionamento automatizado com SDN, mas para maximizar o resultado e não ficar atrelado a um único fabricante precisa-se pensar em protocolos abertos e em qual solução de SDN que consiga integrar o parque tecnológico atual.
Dessa forma, podemos encarar IoT como solução, como gerar valor a empresa e aumentar a lucratividade e não como um problema.
*Douglas Falsarella é gerente de produtos da Broadtec.