A fintech Gyra+, que concede crédito para micro e pequenos empreendedores, anuncia o lançamento da primeira debênture financeira rotulada como título social no Brasil no valor de R$ 50 milhões. O título foi caracterizado como Social Bond em conformidade com os "Social Bond Principles" baseado no parecer de segunda opinião da Sitawi, sendo o primeiro em uma oferta pública do tipo no país.
Fundada em 2017, a Gyra+ concede crédito para micro e pequenos empreendedores em todo país. Para Rodrigo Cabernite, fundador da fintech, a empresa já nasceu com um viés social, oferecendo alternativas de crédito para quem enfrente dificuldades e burocracia para acessar recursos. "Antes mesmo do selo de social bond, já temos um negócio naturalmente de impacto social". Ele ainda completa: "Fomos a primeira fintech a emitir no mercado após a crise do coronavírus, agora o mercado está aberto para outros emissores seguirem com estrutura parecidas".
Conforme relatório da Sitawi, os critérios de elegibilidade para a caracterização como título social têm como objetivo abordar alguma problemática social e alcançar resultados positivos voltados para públicos específicos. No caso da Gyra+, o público-alvo é composto por micro e pequenas empresas, incluindo empresas lideradas por mulheres ou localizadas em municípios com Índice de Desenvolvimento Humano baixo. Segundo dados do IGBE, em decorrência da pandemia do coronavírus, cerca de 522 mil empresas encerraram suas atividades no Brasil no primeiro semestre de 2020, sendo 99,2% com até 49 funcionários.
A CEO da VERT, que faz a securitização dos créditos da GYRA+, Martha de Sá, lembra que, de uma forma geral, as fintechs têm um impacto social positivo e são inclusivas ao disponibilizarem linhas para empresas que não possuem relacionamento com grandes bancos ou possibilidade de fornecer garantias. "Principalmente em um momento de pandemia, continuar dando crédito para esses empreendedores de forma ágil é muito impactante", completa.
Recentemente, o ESG ganhou visibilidade no mundo e, para Martha, o objetivo é fomentar e disseminar cada vez mais esse tipo de investimento no mercado de capitais. "A Europa e os Estados Unidos já estão muito avançados, e o Brasil acelerou muito a discussão ESG durante a pandemia, acho que as fintechs têm um papel muito relevante nisso", afirma. Na opinião de Cabernite, os títulos sociais "chegaram no Brasil em um momento importante, estão aqui para ficar". Ele ainda completa: "Fizemos a primeira [emissão], já abrimos o caminho para outros seguirem".