A tecnologia tomou conta de tal forma da economia real que será preciso reescrever as teorias existentes para definir a nova fase da acumulação de capital. Hoje ela tem mais impacto no resultado das empresas do que o produto, algo inimaginável no início da industrialização. Mais de 80% dos recursos orçados pelas grandes empresas, segundo apontam pesquisas recentes, serão dirigidos para aperfeiçoamento da infra-estrutura tecnológica.
Outra novidade: assim como nas religiões, a fé passou a ser o combustível de grande parte das transações econômicas. Como assim, a fé? Hoje ninguém precisa ver o cofre de um banco para saber se realmente o seu suado dinheiro está lá bem guardado. Nem conferir barras de ouro para saber se o papel moeda em circulação tem lastro. Na verdade, as pessoas procuram evitar a ida ao banco. Com a rapidez da vida moderna, todas as operações – pagamento de contas, aplicações financeiras, resgates, etc. – são processadas pelo computador, terminais bancários e mais recentemente até pelo onipresente celular.
Os bancos e demais instituições financeiras transformaram-se, no fundo, em sistemas, em que conta, entre outros fatores de peso, a fácil navegação pelos seus serviços on-line para garantir a imagem de solidez e confiança. A mesma tendência acontece com empresas industriais e comerciais na nova economia formada por programas de computador. Tanto assim que muitas empresas já evitam falar em produtos ou serviços. A nova palavra mágica na linguagem corporativa é "processos". Transformar produtos financeiros, industriais ou de serviços em processos de negócio é a nova tendência que passou a dominar o ambiente corporativo. É um assunto tão estratégico que a nova área já conquistou status de diretoria em diversas empresas e conglomerados bancários internacionais no país.
O que diferencia as empresas competitivas das demais é que elas colocaram em prática o novo modelo gerencial que cresce em velocidade espantosa, em decorrência da rápida disseminação do já popular BPM (Business Process Management). Essas empresas equacionaram a necessidade de mapear, enxergar, automatizar e controlar todas as inúmeras e complexas operações destinadas a produzir produtos e serviços. Existe uma corrida por parte das organizações de todos os setores (indústria, comércio, bancos e serviços) – no Brasil e no mundo – para conseguir entregar ao cliente o seu pedido, sejam produtos ou serviços, com rapidez, custos menores e qualidade superior. Entre os objetivos que levam novas empresas a desenvolver projetos de gestão orientada a processos estão a possibilidade de tornar mais ágil as decisões de negócios, promover maior integração entre todas as áreas e compartilhar o conhecimento dentro da organização. Com processos bem organizados, estruturados e automatizados, as atividades fluem conforme o planejamento.
O melhor de tudo é que existem ferramentas no mercado para organizar as atividades relacionadas ao negócio de forma controlável. Tornou-se possível tratar a área de administração das empresas como ciência, a partir de uma idéia inovadora: por meio da gestão de processos é possível, hoje, controlar completamente uma companhia. Elas possibilitam que todas as decisões ou processos vitais – desde a compra de matérias-primas, processamento, até a entrega final do produto, faturamento, aprovação de pedidos, liberação de crédito e relacionamento com os clientes, sejam controladas, de forma a cortar custos redundantes, minimizar tempo, corrigir erros, evitar desperdícios e, principalmente, aumentar a produtividade empresarial.
Hoje existem novas soluções que tornam as empresas consideravelmente mais flexíveis para a efetivação de novos modelos de negócios. Permitem, de uma forma simples e clara, mostrar como a empresa funciona, a partir de uma visão universal de todas as atividades que fazem a cadeia de valor acontecer, torna possível avaliar se a empresa tem condições de atingir os seus objetivos de negócios como, por exemplo, a meta de duplicar o faturamento em alguns anos. As ferramentas líderes de mercado colocam de uma forma centralizada todas as informações dos processos de negócio. Conseguem, portanto, a criação de uma visão única para todos os colaboradores da empresa, o que proporciona um entendimento uniformizado do que deve ser feito e como devem ser feitas as diversas atividades na cadeia de valor. Mostra como o processo é executado e o que pode ser melhorado para se alcançar, por exemplo, redução de custos e melhoria de performance.
Mais: conectam a estratégia de negócio da empresa com a área operacional, fazem a ligação entre os objetivos de negócio, as pessoas e os sistemas de execução, bem como integram um pacote de softwares que automatizam a execução dos processos da empresa de ponta a ponta, desde o controle de estoques, cadeia de fornecedores, receitas, fluxo de caixa e, mais recentemente, relacionamento com o cliente (CRM), oferecendo a possibilidade de serviços via web, entre outras áreas. As empresas já descobriram que a tecnologia deve existir para suportar seus planos de negócio e não como um fim em si mesmo. Por essa razão, convém antes definir como a empresa vai funcionar para atingir seus objetivos de negócios e como ser organizada por processos para a melhor distribuição de pessoas pelos diversos departamentos (vendas, compra, fabricação, engenharia, logística, call center, etc.).
A grande vantagem é que a empresa pode definir seus objetivos de negócios e saber antes se as metas poderão ser atingidas, ou seja, se a empresa vai funcionar, na prática, na forma em que foi pensada para gerar lucro. Pode ainda ajudar na redução de custos com a eliminação de processos redundantes, falhas e aumento de produtividade. Uma gestão por processos de negócios busca a máxima eficiência na organização da seqüência lógica de todas as atividades envolvidas na execução do pedido do cliente. Um dos objetivos é a padronização na forma como os processos são mostrados no ambiente da empresa estabelecendo uma linguagem única e consistente em toda a organização. Com isso evita perdas, desperdícios e garante ganhos de escala.
Diversas ferramentas (hardware e software) são utilizadas para planejar a produção e entrega da mercadoria no menor prazo possível, custos mais baixos e qualidade superior, como forma de gerar vantagem competitiva ao fabricante. O sistema de gestão por processos organiza a seqüência de atividades mais adequada para a produção em escala. Mostra como acontecerá, por exemplo, a criação de ordens de serviços desde a área de suprimentos/estoques de matérias-primas, processamento, embalagem, entrega e faturamento. Assegura o melhor resultado na execução de processos, a combinação de tecnologias, interface entre departamentos, pessoas, para diminuir perda de valor na cadeia produtiva. Verifica ainda se a estratégia de negócio da empresa está sendo cumprida e, do contrário, o que precisa ser feito para sua execução pelas diferentes áreas organizacionais.
Milton Cruz é responsável pelas operações da IDS Scheer Latin América.