Em poucas palavras, pode-se pensar na infraestrutura hiperconvergente como a continuação da evolução dos componentes de infraestrutura no espectro convergente. Esse espectro começa com o modelo "faça você mesmo", em que você avalia, compra e reúne todos os componentes (ou seja, servidores, SAN/NAS, switches, software) para criar sua solução de data center.
A próxima fase do espectro é aproveitar uma arquitetura de referência específica a um fornecedor, essencialmente uma receita com todos os ingredientes e instruções necessárias para preparar uma implantação validada.
Depois disso, vêm os sistemas convergentes, em que os fornecedores vendem, como um único pacote, o teste e a validação de todos os componentes usados na arquitetura. Sistemas convergentes aproveitam o software para apresentar os recursos de hardware como um pool de recursos, que pode ser gerenciado com políticas. E, quando se pensa em políticas, deve-se sempre associar automação e orquestração, o que aumenta a agilidade, a disponibilidade e a escalabilidade.
Por fim vem a infraestrutura hiperconvergente, que é a integração modular de servidor, armazenamento e componentes de rede, reunidos em um fator forma de um único aparelho. O software da infraestrutura hiperconvergente fica na camada do hipervisor ou acima dela, na máquina virtual. O aparelho é oferecido pelo fornecedor como sendo fácil de encomendar, implantar e gerenciar em implantações de infraestrutura distribuída. A hiperconvergência busca aumentar a eficiência operacional da TI, reduzir a complexidade das operações da TI e escalonar os recursos automaticamente.
Gerenciando a hiperconvergência
Embora uma solução hiperconvergente possa ser anunciada como a última palavra em estratégia de data center plug-and-play, ela requer supervisão, e muitos profissionais de TI estão despreparados para gerenciar seus requisitos específicos.
Normalmente, um data center não hiperconvergente apresenta muitos silos: a equipe de rede gerencia redes, switches e roteadores; a equipe de sistemas gerencia servidores e aplicativos; a equipe de virtualização gerencia máquinas virtuais e assim por diante. Mas o que os fornecedores de hiperconvergência (como SimpliVity, Nutanix e EVO Rail, entre outros) fornecem é o gerenciamento consolidado de todas essas operações, que antes permaneciam em silos, em uma única interface de usuário. Todos os recursos de computação, memória, rede e armazenamento são combinados em uma única entidade, o que reduz o conhecimento do domínio que as organizações de TI precisam ter à medida que integram e gerenciam seu data center.
No entanto, a hiperconvergência, com seus componentes homogêneos, transfere todo o ônus do gerenciamento do desempenho dos aplicativos em escala para você. Pense na computação distribuída em uma escala muito grande – até mesmo na escala da Web. Bem, não chega a ser uma escala da Web como do Facebook, Amazon, Google ou Netflix, mas mais escala da Web do que antes. E sem o monitoramento suficiente desses sistemas – o que significa mais do que os recursos básicos de monitoramento oferecidos pelo fornecedor – você enfrentará uma falta de visibilidade significativa da pilha de aplicativos, o que pode levar ao provisionamento excessivo de recursos, ao desempenho insatisfatório do usuário final e a altos gastos de capital.
Por exemplo, digamos que sua organização compra uma certa quantidade de infraestrutura hiperconvergente de um determinado fornecedor, e você consolida todas as suas cargas de trabalho para execução nesse aparelho. Entretanto, você negligencia o monitoramento adequado de uso dele e não percebe, senão muito mais tarde, que de fato não precisa de todos aqueles recursos desnecessários. Não facilitar a visualização do uso desse tipo de recurso representa um erro dispendioso, que resulta em uma grande quantidade de recursos ociosos.
Fora o monitoramento, parte do problema de compra em excesso também pode ter origem em uma desvantagem frustrante das soluções hiperconvergentes – o fato de serem componentes de infraestrutura pré-moldados e não personalizáveis. E o espaço físico do aparelho pode ser grande demais para as máquinas virtuais ou as outras cargas de trabalho que estão sendo migradas para elas. Nesse caso, talvez um ou dois hosts adicionais fossem suficientes, mas o menor aparelho hiperconvergente pode representar quatro hosts ou mais.
Em outras palavras, a hiperconvergência oferece agilidade, disponibilidade e escalabilidade, mas não é vantagem fornecer recursos se for impossível consumir esses serviços de infraestrutura e convertê-los, de maneira eficaz e eficiente, em uma solução de aplicativo completa da mesma frequência e magnitude.
Para solucionar esse problema, considere as seguintes sugestões:
- Conte com um processo fundamental para integração. Você precisa ter uma compreensão profunda do pessoal de seu departamento de TI e dos requisitos das diversas unidades de negócio que dependem dele, o que inclui o ritmo de entrega e o processo do fluxo de trabalho. Parte desse processo deve ser estabelecer uma linha de base das necessidades da empresa para ajudar a determinar qual hardware é necessário agora e o que pode ser escalonado posteriormente.
- O monitoramento deve ir além do fornecedor. Você deve implementar uma solução de monitoramento abrangente que estabeleça uma ponte entre a visão oferecida pelo fornecedor de infraestrutura hiperconvergente e sua visão atual. Em muitos casos, pode-se supor que os recursos de monitoramento padrão do fornecedor sejam suficientes, mas é provável que não exista uma ponte entre a visibilidade dos aplicativos nessas duas visões. A visualização adicional de toda a pilha por meio de um conjunto adequado de ferramentas de monitoramento proporcionará uma melhor compreensão do desempenho de linha de base de seu aplicativo e medições de utilização contínuas, de modo a prevenir a compra excessiva de unidades e melhorar o gerenciamento do desempenho.
- Prepare-se para escalonar. Por fim, determine como e quando escalonar. O recurso de escalonamento linear inerente às soluções hiperconvergentes (ou seja, se é possível executar X transações em uma unidade, será possível executar o dobro de X na próxima unidade) transfere para você o ônus de conhecer bem o aplicativo a fim de escaloná-lo da maneira correta. Isso requer uma sólida linha de base do comportamento do aplicativo, tanto em termos de desempenho quanto de qualidade de serviço, o que retoma à questão do monitoramento abrangente de toda a pilha. À medida que você acompanha suas medições de qualidade de serviço e começa a perceber uma degradação no desempenho, é hora de implantar uma unidade adicional.
Não há dúvidas de que a hiperconvergência veio para ficar. Sua capacidade de simplificar consideravelmente o data center e os processos de gerenciamento é um benefício para todos nós. Contudo, a integração dessas soluções não significa que seu gerenciamento possa ser feito sem intervenção. Você precisa estar preparado para implementar um monitoramento de longo alcance para manter a visibilidade dos aplicativos existentes, entre os quais, na maioria dos casos, não existe uma ponte em toda a solução; compreenda como e quando escalonar de forma correta e, em última análise, evite debilitar os custos de capital da organização pela compra acidental de unidades em excesso.
Kong Yang, gerente técnico da SolarWinds.