Microsoft + Activision Blizzard: uma estratégia de aquisição

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A Microsoft anunciou a aquisição da companhia de jogos Activision Blizzard por US$ 68,7 bilhões e fez um dos maiores movimentos da indústria de jogos logo no início do ano. Essa compra adiciona a Microsoft uma imensidão de oportunidades, uma vez que, aumente os estúdios grandes de games que ela já tinha (Mojang e Bethesda).

Ela vai se tornar dona de franquias como Call of Duty (cerca de 400 milhões de copias vendidas), Diablo (mais de 100 milhões de copias vendidas), World of Warcraft (um jogo que continua de pé a quase 2 décadas e ainda resultando em uma receita importante para a Blizzard), Candy Crush para os jogos mobiles e dá quinta maior empresa de games em receita do mundo.

Só que existe um, porém, nessa história. Boa parte da receita da Microsoft vem do Azure e do Office, que juntos representam cerca de 68% da receita total da companhia. O segmento de Personal Computer (que engloba o Windows, o laptop Surface e a linha de consoles Xbox) representam o restante, os 32%.

Só que dentro dessa linha de Personal Computer, o XBOX, jogos, gamepass e outras coisas ligadas a games, são diluídas por conta de dividir a receita com Windows e o Surface ainda. Logo, essa aquisição demonstra que a Microsoft está dando mais foco para o segmento de games.

É possível que, depois que as sinergias já estiverem acontecendo, a gente veja a receita do segmento de games tomar mais força dentro do segmento de Personal Computer. O Gamepass agora irá trazer mais franquias renomadas, que podem até virar exclusividades para roubar jogadores de outras plataformas. Além disso, também casa com o momento sobre Metaverso.

Mais desenvolvedores, é mais chances de ela conseguir capturar jogadores para essa nova trend que tem tomado conta do setor de tecnologia. Além disso, ela vai poder oferecer experiências tanto do lado social (teams) quanto do lado de games (Bethesda, Mojang, Activision, Blizzard, King).

Outro ponto interessante, é que a Microsoft está virando um conglomerado de soluções e poucas pessoas tem percebido isso. Afinal de contas, se você vai utilizar um computador, o sistema que vai nele, é dela. O aplicativo para se comunicar é dela, para escrever, calcular ou editar também (pacote office).

O Linkedin já é dela, o sistema de núvem também e agora, grandes franquias estão se concentrando no ecossistema dela e ela pode fazer o que quiser com eles. A Microsoft não parece estar pagando um absurdo também não.

Está comprando a ATVI a cerca de 25x lucros médios para este ano, sendo que se a gente tirar o caixa líquido da Activision, essa conta cai para cerca de 23x. Nada mal para uma gigante do setor de games e tecnologia.

Todavia, a maior barreira ainda está com os órgãos reguladores e de antitruste. A Microsoft pode estar testando os seus limites ao adquirir a ActivisionBlizzard nessa jogada. Ela conseguiu fugir dos holofotes dos reguladores antitrustes em Washington, mas ainda não terminou de fazer duas aquisições, uma na área de IA médica e outra em tecnologia de publicidade.

Dado ao tamanho da Activision, é possível que ela encontre alguns desafios, mas é provável que ela consiga adquirir. Ainda mais de todo o escândalo que aconteceu na ActivisionBlizzard, envolvendo assédio sexual e disparidade salarial entre gêneros na companhia.

É possível que com essa aquisição, a Microsoft consiga colocar nos trilhos novamente a companhia e mudar a cultura, atrair novos talentos e melhorar a imagem perante a comunidade de jogadores e investidores.

Por fim, é bacana de se ver a Microsoft se movendo para frente, pensando em diversificação e usando de forma sábia o seu caixa de US$ 130 bilhões. A alocação de capital de alto nível e a busca incansável pelo crescimento são outras razões pela qual a Microsoft merece sua avaliação premium.

Breno Bonani, analista Chefe da VGR Asset.

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