O Twitter disse nesta quarta-feira, 20, durante coletiva de imprensa para o lançamento de sua operação comercial no Brasil, que a venda de anúncios patrocinados, principal fonte de receita da rede de microblogs, terá como alvo inicial as grandes empresas. Conforme revelou o diretor geral da companhia no país, Guilherme Ribenboim, além de se concentrar nas 40 agências especializadas em marketing digital, a companhia vai direcionar seu foco para a lista dos 200 maiores anunciantes brasileiros.
Alguns deles, como a Volkswagen, Fiat, Terra, Motorola Mobiity e o principal parceiro da chegada da empresa no país, a Coca-Cola, já divulgaram campanhas na rede. A diferença, agora, é o relacionamento direto com a equipe local para negociação e compra dos chamados promoted products — inserções patrocinadas de conteúdo, sugestões de acompanhamento de perfis da marca ou a promoção de trending topics na listagem de temas mais comentados pela comunidade online.
“O objetivo desses produtos é amplificar as ações que as empresas já realizam gratuitamente, com a criação de contas e publicação de mensagens, ampliando o sucesso orgânico dos anunciantes”, explica o vice-presidente de estratégia de marcas globais, Joel Lunenfeld. Os executivos explicam que as ferramentas permitem a segmentação de público-alvo das peças por gênero, plataforma e outros dados convencionais no mercado publicitário digital, com os diferenciais de assuntos de interesse, localização geográfica mais específica, entre outros pontos. “O interesse por estes produtos é ganhar novos consumidores, replicar iniciativas que já dão certo com sua base de clientes com novos públicos”, conclui.
“Estamos passando por um momento de aprendizado, por parte das marcas, de como usar a ferramenta. No Brasil, em particular, há um enorme potencial de uso em plataformas móveis em conjunto com ações na TV, como acompanhamos nas partidas de futebol do Corinthians e nos episódios da novela Avenida Brasil, no ano passado“, explica Ribenboim. O Brasil corresponde a mais da metade dos usuários da América Latina, quarta maior região para a companhia, com 16% de participação e 32 milhões de usuários. Ao todo, são 400 milhões de perfis, sendo pouco mais da metade deles ativos diariamente.
O programa de venda de anúncios no Twitter conta com três parceiros certificados na região, dois deles, companhias brasileira de mídia. Sem revelar nomes, Ribenboim explica que, mesmo assim, o país não é o centro das operações regionais. Marcas latino-americanas entram em contato com uma agência parceira, a EMS, para compra de publicidade na rede.
Além disso, a empresa anunciou que está abrindo sua plataforma para softwares de terceiros direcionados a gerenciamento de publicidade, mais recente passo para estabelecer seu modelo de negócios com base em anúncios antes de uma oferta pública inicial de ações (IPO). Ele disse que irá liberar interfaces de programação de aplicativos de anúncios, ou API (na sigla em inglês), que permitirão que os anunciantes conectem o seus softwares de gestão de anúncios existentes em sua conta no Twitter para automatizar anúncios na plataforma. Inicialmente serão cinco parceiros — Adobe, Salesforce.com, Hootsuite, Shift e TBG Digital — com as novas possibilidades de gestão das campanhas na rede de microblogs. Por meio da API, o objetivo é dinamizar a venda de anúncios, pois antes disso os anunciantes tinham que definir detalhes de cada campanha (como tempo de duração, exposição, entre outros atributos) manualmente.
Pequenas e médias empresas
No longo prazo, o Twitter pretende trabalhar com pequenas e médias empresas também para a venda de produtos patrocinados. “Estamos recrutando executivos locais para trabalhar com PMEs brasileiras”, diretor de vendas para médias empresas, John Ploumitsakos.
O executivo defende, ainda, o modelo publicitário do Twitter como “inovador”. Assim como o Google deu, no início dos anos 90, a possibilidade de pequenas empresas anunciarem online por baixíssimo custo, o microblog oferece novas possibilidades de segmentação e um formato menos agressivo aos clientes. “A publicidade no Twitter é o conteúdo em si, que se insere na conversa, na qual o anúncio não custa uma fortuna”, expõe.
O estágio do desenvolvimento do negócio, contudo, ainda é inicial. “Vemos muito potencial no Brasil, mas primeiro existe uma necessidade latente de ensino de como a ferramenta pode ser usada, ou seja, o entendimento total da plataforma. É esse nosso trabalho no momento”, finaliza.