Como alternativa para preparar as produtoras nacionais de software para competir no mercado global, o Brasil criou um modelo de certificação mais acessível para aferir a qualidade de software, o MPS-BR (Melhoria de Processo do Software Brasileiro), compatível com padrões reconhecidos mundialmente.
A iniciativa segue em paralelo ao selo internacional Capability Maturity Model Integration (CMMi) nível 5, uma espécie de ISO 9000, que atesta a qualidade de software, emitido pelo órgão norte-americano Engineering Institute (SEI).
O modelo MPS-BR foi criado pela Sociedade para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex), com apoio do Ministério de Ciências e Tecnologia (MCT), universidades e institutos de pesquisas. Eratóstenes Araújo, coordenador de capacitação da Softex, informa que o credencial de qualidade verde-amarelo chega a ser até 60% mais barato que o selo CMMi, uma vez que as empresas não precisam contratar consultoria estrangeira credenciada pelo SEI.
?A maioria das produtoras de software do Brasil é de pequeno porte e não têm condições de investir em CMMi?, diz Araújo.
Assim como o CMMi, o credencial brasileiro se baseia em etapas que são ultrapassadas pelas empresas à medida que elas vão melhorando seus processos de desenvolvimento. Mas enquanto o selo internacional conta com níveis 5, o MPS-BR tem 7 fases: A,B,C,D,E,F e G e as certificações são emitidas em ordem decrescente. Assim, o grau máximo é o ?A?. A Ampliação é para permitir a implantação de planos de qualidade com mais flexibilidade e de acordo com a realidade do País.
?Não somos como as marcas Kodak e Coca-Cola que têm prestígio mundial, mas não devemos nada para o CMMi?, afirma o coordenador da Softex. O MPS-BR foi baseado nas normas da ISO 12207 e 15504 e, segundo Araújo, é uma credencial para a entrada das empresas brasileiras no mercado externo, que não possuem aval do SEI. De acordo com ele, o modelo brasileiro despertou interesse do Chile e Argentina, podendo ser replicado em outros países da América Latina.
Aporte do BID
Para preparar as empresa para a obtenção do MPS-BR, a Softex conta com apoio de cerca de 40 consultores em melhoria de processos de software de parceiros como Coppe (Universidade Federal do Rio de Janeiro, o CenPRA (Centro de Pesquisas Renato Archer) e C.E.S.A.R (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife). Essas instituições credenciam empresas para implantação do modelo nas desenvolvedoras.
Cinco empresas já receberam o passaporte que qualifica o software brasileiro que são: In Forma (Recife), BL Informática e Relacional Consultoria (Rio de Janeiro) e Compera e Programmer (Campinas). Outras 40 estão em processo de certificação e a Softex espera que até 2007 cerca de 80 a 100 estejam credenciadas.
Há um incentivo as interessadas na certificação. Os recursos liberados para o programa são de US$ 2,950 milhões, sendo que US$ 1,3 milhão serão aportados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento e os US$ 1,650 milhão restante é a contrapartida do governo brasileiro. Segundo o coordenador da Softex, a empresa poderá financiar até 50% do custo do selo, bancar 30% e tentar os 20% restantes junto aos programas do Sebrae, que estará apoiando o projeto do MPS-BR nos Estados.