Computação quântica: seria o fim dos ativos digitais?

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A computação quântica pode ser definida como uma nova forma de computação, uma nova tecnologia a ser estudada e desenvolvida totalmente diferente da evolução tecnológica observada nos estudos da ciência da computação.

O termo foi mencionado pela primeira vez 40 anos atrás, em 1982, quando o físico Richard Feynman demonstrou que nenhum computador clássico conseguiria modelar sistemas quânticos por causa das limitações existentes tanto na física clássica quanto na escala atômica. Segundo ele, somente simuladores quânticos universais seriam capazes de modelar tais sistemas. Agora, muito se tem falado sobre a capacidade da computação quântica acabar com os ativos digitais. E estamos caminhando para isso.

Em 2019, o Google anunciou que seu computador quântico havia conseguido realizar o processamento de um cálculo que demoraria 10 mil anos nos computadores convencionais em apenas 200 segundos. Isso mesmo: 200 segundos!

A velocidade é impressionante porque, ao contrário dos computadores tradicionais, que utilizam em seu desenvolvimento milhões de interruptores para gerenciar o fluxo dos elétrons por meio dos processadores, na quântica são utilizadas partículas subatômicas, onde estão os qubits – ou bits quânticos, uma unidade de informação quântica. Os qubits conseguem se sobrepor e até estar em diversos estados ao mesmo tempo, o que possibilita que ocorram passagens quânticas. Essas passagens permitem manipular as probabilidades de forma a mensurar os resultados.

Isso significa que o uso da computação quântica vai trazer consequências e impactos muito grandes na forma como vivemos hoje, inclusive em relação aos ativos digitais, que ganharam manchetes na mídia e tornaram-se grandes promessas para os próximos anos. Porém, existem declarações de executivos do Google considerando que, em cinco anos, será possível quebrar a criptografia de um ativo digital. Explico como:

Um ativo digital é qualquer representação digital, seja um arquivo ou recurso, que se encontra em ambiente digital e que possui determinado valor – seja para um indivíduo ou para uma instituição ou organização. Este ativo pode ser negociado ou transferido por meio de meios eletrônicos.

Como exemplos de ativos digitais, estão as criptomoedas, os tokens e também qualquer arquivo, imagem ou informação existente no ambiente digital e que possua valor de mercado. Tanto as criptomoedas quanto os tokens utilizam a tecnologia Blockchain como meio de garantir a sua idoneidade. Quando pensamos na possibilidade de um computador quântico quebrar a criptografia de um ativo digital, estamos pensando na quebra de uma rede blockchain. Como o porta-voz do Google adiantou, isso será possível em cinco anos.

A maioria das grandes evoluções causam um impacto na sociedade. Grandes evoluções no último século mudaram a forma como as pessoas realizam suas transações comerciais, e com as criptomoedas e os demais ativos digitais não foi diferente.

Pode ser difícil para seus entusiastas acreditarem que o Bitcoin pode estar com os dias contados, mas a possibilidade de isso ocorrer é grande. Da mesma forma que, em seu início, as criptos tiveram grande impacto no mercado, hoje vemos que elas passam por momentos desfavoráveis e não há previsão consistente de que retornem aos tempos de valorização. Por isso, para aqueles que se empolgaram com os ativos digitais, toda cautela é pouco.

Marino Hilario Catarino, professor da ESEG, Faculdade do Grupo Etapa.

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