Norte-americanos ganham quase o dobro de brasileiros que atuam na mesma função para empresas estrangeiras de tecnologia, revela o estudo 'Brazilian Global Salary'. Produzido pela TechFX, principal plataforma de câmbio para profissionais que prestam serviços ao exterior, o estudo ouviu 1.611 brasileiros entre novembro e dezembro do último ano, dos quais 1.433 atuam para empresas internacionais, destacando tendências salariais globais e o papel dos trabalhadores do país nesse cenário.
Segundo o levantamento, profissionais estadunidenses que atuam no ramo de tecnologia ganham, em média, 1,9 vezes mais em comparação com brasileiros que desempenham a mesma função remotamente. Para chegar a esse dado, a empresa comparou dados coletados em sua pesquisa com informações sobre o salário médio dos americanos da área, com base na pesquisa Stack Overflow 2024.
Entretanto, quando comparados a vagas ocupadas por pessoas de outras partes do mundo, os brasileiros levam vantagem. De acordo com o estudo, os desenvolvedores do Brasil ganham, em média, 10% a mais do que outras nacionalidades que exercem as mesmas funções no exterior.
Na visão de Alan Sikora, CTO e fundador da TechFX, estas variações reforçam uma crescente valorização dos talentos nacionais dentro do mercado tecnológico cada vez mais globalizado. "Mesmo com desafios, os brasileiros estão conquistando uma posição relevante no mercado internacional, o que abre caminhos para quem busca oportunidades fora do país, seja por conta de salários alinhados à moedas fortes ou a busca por flexibilidade e autonomia", explica.
Tecnologia aquecida
Procurando avaliar o setor de tecnologia de forma mais minuciosa, o estudo também trouxe as diferenças salariais correlacionadas à especialização nas linguagens de programação mais bem pagas no mercado global. Segundo o levantamento, dos 1251 profissionais do segmento que responderam a pesquisa, apenas 9,2% são desenvolvedores Ruby e tendem a receber mais.
Outras opções que aparecem em destaque com vencimentos mensais altos, são a Elixir e Go. Mesmo com a valorização crescente em tecnologias emergentes, elas também representam um índice baixo de pessoas que contam com essa expertise, que são de 1,68% e 6,24% respectivamente.
Além disso, a pesquisa também avaliou a relação entre o salário médio dos profissionais atrelada à sua especialização e os anos de experiência na área. Dentro deste escopo, o conhecimento em Engenharia de Confiabilidade de Sites (SRE) lidera os salários médios das carreiras tecnológicas, com profissionais recebendo USD 9.943 mensais e acumulando uma experiência média de 14,26 anos.
Já a especialização em Machine Learning combina bons salários (USD 6.251) com uma experiência média mais baixa (6,15 anos), o que pode indicar um caminho promissor para profissionais iniciantes. Outro destaque do estudo foi a variabilidade salarial observada na área de Cybersecurity, com um desvio padrão de USD 5.218, indicando diferenças significativas entre os profissionais.
"A tecnologia oferece oportunidades únicas de crescimento e mobilidade para talentos do Brasil, mas ainda existem desafios a serem superados, como o acesso à educação em linguagens de maior demanda e especializações estratégicas", completa Sikora.