A cibersegurança deixou de ser apenas uma preocupação técnica para se tornar um fator estratégico dentro das empresas. Com a crescente digitalização dos negócios e o aumento exponencial das ameaças cibernéticas, as organizações passaram a exigir que os profissionais de segurança falem a linguagem do negócio e se posicionem como agentes de transformação, e não apenas como gestores de riscos.
Em entrevista à TI Inside Camilo Marques, Head de Segurança da Informação da Klavi, afirmou que esse movimento exige uma mudança de postura dos profissionais da área. "O especialista que não entende o negócio da empresa terá dificuldades para engajar as equipes e conseguir aprovar investimentos em segurança. É essencial que a estratégia de proteção esteja alinhada com os objetivos da empresa", explica.
Um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais de cibersegurança é traduzir riscos técnicos em impactos empresariais compreensíveis para a alta gestão. Muitas vezes, líderes de segurança acabam apresentando informações altamente técnicas, dificultando a tomada de decisão dos executivos.
"Os executivos querem entender os riscos e os custos envolvidos, e não necessariamente os detalhes técnicos de uma vulnerabilidade. O tempo deles é limitado, então a abordagem precisa ser objetiva e estratégica. Relatórios curtos, com dados financeiros e impacto nos negócios, são mais eficazes do que explicações complexas sobre ameaças", destaca Marques.
Para garantir que a cibersegurança seja vista como um facilitador e não como um entrave à inovação, Marques defende o uso de métricas tangíveis para demonstrar o retorno sobre o investimento em segurança digital.
"Quando mostramos números concretos, como o tempo médio de resposta a ameaças, economias geradas por tecnologias de segurança e índices de conformidade com legislações, os executivos passam a enxergar a segurança como parte fundamental do crescimento do negócio", afirma.
Além disso, a integração da área de segurança em todas as fases do desenvolvimento de produtos e serviços ajuda a reduzir riscos desde o início do processo. "A segurança precisa estar presente desde a concepção de projetos e parcerias até a entrega final. Quando isso acontece, os riscos são mitigados de forma mais eficiente", explica Marques.
Nos próximos anos, a cibersegurança exigirá habilidades que vão além do conhecimento técnico. Segundo Marques, os profissionais precisarão desenvolver soft skills como comunicação, negociação e pensamento estratégico.
"O especialista em cibersegurança do futuro não será apenas um guardião técnico, mas um conselheiro estratégico, capaz de equilibrar segurança e inovação. A inteligência artificial também terá um papel fundamental, e os profissionais precisarão aprender a utilizá-la para otimizar suas atividades e respostas a incidentes", conclui.
Diante desse cenário, as empresas que conseguirem integrar a cibersegurança à estratégia de negócios estarão mais preparadas para enfrentar os desafios do mundo digital, garantindo proteção, conformidade e competitividade em um mercado cada vez mais dinâmico.