Um estudo realizado pela IDC Brasil revela dois dados interessantes relacionados aos investimentos públicos na área de TI, em 2006, ano eleitoral. Um deles é que o governo, considerando as três esferas do poder, deverá aumentar em 14% o orçamento destinado a projetos de tecnologia, atingindo um volume de R$ 4,9 bilhões.
O segundo fato, embora uma decorrência do primeiro, revela uma inversão de prioridades. É que, em ano eleitoral, os investimentos são, normalmente, direcionados para obras públicas que garantem visibilidade e, portanto, votos. Segundo a IDC Brasil, os governantes tendem, desta vez, a apostar em iniciativas destinadas a melhorar o atendimento ao cidadão e a combater fraudes na administração pública.
Essa avaliação consta no estudo Brazil IT Investment Trends: Government 2006, elaborado a partir de consulta junto aos executivos de 112 companhias entre outubro e dezembro do ano passado. ?Diante dos recentes acontecimentos de corrupção vistos no segmento em 2005, há uma grande cobrança para melhoria no atendimento da população, além da adoção de ferramentas que auxiliem no combate a fraudes em licitações e pagamentos indevidos de funcionário fantasmas?, disse o analista de mercado da IDC Brasil, Luciano Crippa.
Segundo ele, após tantas CPIs, que acabaram por paralisar direta ou indiretamente vários projetos, a necessidade por transparência já está direcionando muitos investimentos do setor para o desenvolvimento de portais de prestação de contas e de serviços de pagamentos, pedidos de certidões e cartórios virtuais. Isso sem contar os investimentos em soluções de segurança, voz sobre IP (VoIP), portais de acesso para o cidadão, renovação do parque de TI, entre outras prioridades.
Os fornecedores esperam um significativo aumento da demanda, principalmente no primeiro semestre. Por causa das eleições, todos os projetos contratados na esfera pública devem ser entregues ate julho.
De acordo com a IDC, o setor governamental destinou R$ 4,3 bilhões para TI, no ano passado, o que lhe garantiu o terceiro lugar entre os segmentos que mais investem em tecnologia no Brasil. Desse total, mais de 60% foram aplicados pelo governo federal, que cada vez mais vem apostando na aquisição de ferramentas com capacidade analítica. Além disso, o setor está sendo fortemente cobrado para desenvolver ferramentas web para relacionamento e serviços ao cidadão, o que envolve a consolidação das enormes bases de dados espalhadas pelos diversos órgãos do setor, complementa Crippa.