Seis cidadãos chineses, incluindo três professores que estudaram juntos na Universidade do Sul da Califórnia, teriam roubado tecnologia sem fio sensível de empresas norte-americanas e levado para a China, segundo o Departamento de Justiça dos EUA (DoJ, na sigla em inglês).
Os acusados teriam roubado segredos comerciais das empresas Avago Technologies e Skyworks Solutions, relativos à forma de filtrar sinais indesejados em dispositivos sem fio, de acordo com uma acusação formal aberta na segunda-feira, 18. De acordo com o processo, eles, então, criaram uma joint venture controlada pelo Estado chinês e a Tianjin University da China para produzir e vender equipamentos que utilizam a tecnologia, e ganharam contratos de ambas as empresas e de entidades militares.
As duas empresas fornecem componentes para o iPhone da Apple, entre outros dispositivos. Autoridades disseram que o caso mostra persistentes esforços para roubar tecnologia de empresas com sede no Vale do Silício, na Califórnia, onde as operações da Avago e da Skyworks estão baseadas.
"A tecnologia desenvolvida por empresas norte-americanas do Vale do Silício e de toda a Califórnia continua vulnerável a roubos, patrocinados por governos estrangeiros", disse a procuradora Melinda Haag, que está acompanhando o caso, ao The Wall Street Journal.
O professor Zhang Hao, da Tianjin University, foi preso quando desembarcou no aeroporto internacional de Los Angeles, no sábado, 16, depois de viajar à China, disse DoJ. Ele está sob custódia e seu advogado não respondeu ao pedido do jornal americano para falar sobre o assunto. Os outros cinco réus estão na China e é improvável que a polícia seja capaz de prendê-los.
Em comunicado, a Tianjin University disse que a escola só soube das acusações nesta quarta-feira, 20, pela manhã e disse que vai investigar o caso.
Espionagem cibernética
As acusações surgem em meio aos inúmeros casos de espionagem econômica, especialmente pelos chineses, detectados pelo DoJ. Em maio do ano passado, o departamento indiciou cinco oficiais do Exército chinês, acusados de roubo de segredos industriais e comerciais de empresas. Segundo a acusação, os militares chineses operaram através de uma rede de espionagem cibernética, a partir de um centro militar de computação em Xangai. Os cinco chineses estão na lista dos mais procurados do FBI, indiciados por espionagem e invasão de computadores.
Na semana passada, a empresa de segurança de rede FireEye disse que através de uma análise forense detectou que hackers chineses invadiram sistemas da faculdade de engenharia da Universidade da Pensilvânia e poderiam ter acessado pesquisas sobre a tecnologia militar dos EUA.
A Embaixada da China em Washington não respondeu ao pedido para comentar o assunto. O fato é que esse novo caso de espionagem deve acirrar ainda mais as tensões diplomáticas entre os EUA e a China, que se irritou com acusações anteriores do governo americano de que estaria envolvida em espionagem econômica em larga escala. O governo chinês sugeriu no passado que as empresas norte-americanas eram as responsáveis por criar suas próprias ameaças.