Nordeste terá laboratório de referência em nanotecnologia

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Fornecer tecnologia e serviços na área de nanotecnologia, atendendo aos interesses da indústria e do mercado. Este é o principal objetivo da Rede Nordeste de Nanotecnologia, que está sendo estruturada pelo Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. O projeto, no qual serão investidos cerca de R$ 4 milhões, visa dar aplicação prática a pesquisas e inventos com materiais nanoestruturados, incluindo a montagem de um laboratório multiusuário.

Inicialmente, o Cetene deverá realizar estudos nas áreas têxtil, de fármacos, cerâmica, saúde e de materiais metálicos e não-metálicos. Universidades federais de Pernambuco, Bahia, Sergipe e Ceará já formaram grupos de estudos nessas áreas. "Vamos fazer prospecções nesse campo para saber o real interesse do setor industrial. É uma maneira diferente de fazer pesquisa tecnológica, apoiada em prospecção de demandas", afirma o coordenador geral do Cetene, Fernando Jucá.

Dos recursos alocados para o projeto, 60% serão investidos na montagem de um Laboratório Regional de Referência em Nanotecnologia. Os outros 40% dos recursos serão utilizados na área de suporte técnico, na realização de workshops, em estudos de viabilidade técnica e econômica, e no apoio a depósito de patentes no Brasil e no exterior.

O laboratório terá equipamentos para caracterizar e manipular materiais na escala nanométrica, que fundamenta os estudos na nanotecnologia. Um nanômetro ? uma unidade de medida ? é equivalente a um bilionésimo de um metro. "Queremos estimular e induzir uma cooperação ativa, principalmente com as indústrias da região, disseminando fortemente a área de nanotecnologia", aponta Jucá.

Os trabalhos para a montagem da rede foram iniciados ainda no ano passado, com reuniões preliminares com profissionais da área científica do Nordeste. "A idéia é ter o uso da nanotecnologia com foco no setor industrial. Mas isso requer o envolvimento dos pesquisadores", ressalta o professor Anderson Gomes, do Departamento de Física da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenador da implantação do Programa de Nanotecnologia no Cetene.

Ele acrescenta que já começaram os estudos de prospecção de áreas onde já se pode usar a nanotecnologia e uma ação concreta com as indústrias. Uma análise preliminar das cadeias produtivas do Nordeste já foi realizada, tendo como parâmetro o que está sendo feito no mundo na área de nanotecnologia. "Queremos identificar concretamente o que já está sendo feito aqui e o que pode ser feito", explica o professor.

Para identificar os setores que podem ser trabalhados, o Cetene montou um questionário para aplicação por meio dos sindicatos das indústrias. O objetivo é fazer uma prospecção da demanda efetiva por serviços tecnológicos de apoio à incorporação da nanotecnologia e, ainda, um levantamento de indicadores de inovação para avaliar o potencial de absorção da nanotecnologia pelas empresas visitadas. Os técnicos aguardam, agora, o retorno dos questionários, mas já detectaram, por exemplo, que há várias possibilidades de aplicação na indústria têxtil.

A nanotecnologia, explica o professor Gomes, é uma nova técnica relativa ao estudo e ao controle das propriedades da matéria, tendo como base a escala nanométrica: um nanômetro (bilionésima parte do metro) é o comprimento de uma pequena molécula. ?Nesse nível, a matéria exibe propriedades diferentes, muitas vezes surpreendentes."

A nova técnica está revolucionando, na prática, o estudo e a estrutura dos materiais. Ela está permitindo, por exemplo, a fabricação de roupas que não molham, meias com "nanopartículas de prata" que inibem o odor, cerâmica que permite isolar acústica e temperatura ao mesmo tempo ou curativos que usam nanopartículas de prata para efeito bactericida.

"As nanotecnologias caracterizam-se, muitas vezes, como potencialmente revolucionárias em termos do seu possível impacto no domínio da produção industrial. Elas oferecem soluções possíveis para muitos problemas atuais, por meio de materiais, componentes e sistemas menores, mais leves, mais rápidos e mais eficazes, abrindo deste modo novas oportunidades para criar riqueza e emprego", finaliza Gomes.

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