Um estudo divulgado pelo Gartner sobre as perspectivas para o setor de tecnologia da informação em nível mundial para o restante do corrente ano e dos próximos revela que os gastos das empresas com TI irão crescer num ritmo um pouco mais elevado do que o crescimento econômico mundial. Segundo o instituto de pesquisas, o aumento deve ficar em 10% – 4,5% ajustado em decorrência do dólar fraco –, atingindo US $ 3,4 trilhões neste ano.
Ainda de acordo com a pesquisa, a desaceleração da economia dos Estados Unidos deverá ser compensada pela força dos mercados emergentes, e não apenas os países que compõem o chamado Bric (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia e China). As regiões do Oriente Médio e da África devem apresentar um aumento nos gastos de 15% neste ano.
"As empresas em todo o mundo estão mudando e, em vez de investirem na compra de ativos de hardware e software, estão dando preferência à compra de recursos de TI como serviços, baseada em uso", disse Jim Tully, analista do Gartner, ao jornal americano New York Times. Segundo ele, cada vez mais as empresas passarão a adotar o cloud computing, ou seja, acessar as ferramentas que se encontram em uma rede e são acessíveis para os funcionários de uma forma mais econômica.
Essa mudança, segundo Tully, vai provocar um "crescimento dramático de alguns produtos TI em algumas áreas e reduções significativas em outras." Ele avalia que o cloud computing deve exercer uma força altamente perturbadora na indústria, embora tenha constatado que o avanço desse conceito no mundo corporativo ainda é restrito, mesmo com o sucesso dos serviços que tem como base a "nuvem computacional" como o Google, Facebook e outros.
O Gartner observa que, até agora, o conceito de cloud computing tem sido mais adotado por prestadores de serviços, como a Salesforce.com e gigantes da área de tecnologia como a IBM, HP, Sun Microsystems e EMC. Empresas de internet como o Google e Amazon.com já estão oferecemndo alguns serviços corporativos baseados nesse conceito.
De acordo com Tully, em um certo nível o cloud computing vai fazer com que as empresas desloquem todo o investimento em ativos para os prestadores de serviços. "Os prestadores de serviços são capazes de fornecer recursos de computação para as empresas com mais eficiência do que as próprias companhias, e se beneficiam pela economia de escala e o conhecimento acumulado." O modelo, diz ele, é semelhante ao que aconteceu com a eletricidade, no início do século passado, quando as empresas encontraram uma forma menos onerosa de obter a energia elétrica adquirindo-a de fornecedores em vez de investir na compra de seus próprios motores de geração de eletricidade.
Com base nesse cenário, o Gartner prevê que as vendas de software devem crescer mais de 10% neste ano, à frente de serviços e hardware. Em 2009, a estimativa é que as taxas de crescimento para as três categorias seja um pouco mais lenta, mas com o software ainda liderando.
Segundo o instituto de pesquisas, a implantação do cloud computing nas corporações está apenas começando e vai levar anos até se consolidar. Mas Tully acredita que o custo mais baixo e as vantagens como flexibilidade e o fato de o fornecedor fazer tudo irão tornar a sua adoção inevitável. "Os argumentos sobre esse conceito estão realmente começando a se tornar atraentes", disse ele.