A tecnologia como aliada da gestão financeira — com bons apps e assessoria, vamos além

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Quem trabalha com números, como é o meu caso, costuma acompanhar pesquisas a todo momento. Afinal, sem mensurar os "objetos" de estudo, fica mais difícil pensar em qualquer ação. Um estudo recente da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) indica que quatro em cada dez brasileiros estavam negativados em março de 2024, totalizando 67,18 milhões de pessoas com débitos em atraso. É bastante.

Segundo o levantamento, o aumento na inadimplência representa um crescimento de 2,67% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os dados abrangem capitais e regiões do interior de todos os 26 Estados brasileiros, além do Distrito Federal. Na condição de mentora financeira, indico que, além de boas sessões de acompanhamento com um profissional, é recomendável que a pessoa, por ventura em uma situação desafiadora, faça alguns exercícios de gestão individualmente.

Para quem deseja cuidar das finanças e não quer começar com um caderninho (sim, pasmem, essa ferramenta analógica ainda funciona), pode-se usar planilhas ou aplicativos. As primeiras têm como ponto positivo poder customizar do jeito que quiser, incluir linhas ou abas, guardar o histórico de muitos anos em único lugar e não ter custo. Porém, muitos têm dificuldades com as fórmulas, então, a usabilidade do segundo modelo acaba sendo o principal diferencial.

Aplicativos: como usá-los de forma sagaz
Aos que me perguntam, costumo indicar três apps — Mobills, Organizze e Orçamento Fácil — por serem mais intuititivos. No entanto, antes de escolher o melhor meio para chegar ao fim desejado (leia-se a gestão eficaz do dinheiro), é preciso entender o que necessitamos. Daí a importância de acompanhamento profissional. Lembrete: tomemos cuidado com a automedicação.

Essas soluções disponíveis para smartphones podem assessorar na construção de uma reserva de emergência em dois casos:
1º) Quando o indivíduo, ao utilizá-lo, passa a ter consciência financeira da sua real situação e, assim, usa a ferramenta como controlador de gastos, gerando economia e uma sobra de caixa para investir em sua reserva de emergência;
2º) Quando se utiliza a ferramenta de aplicação automática (alguns apps oferecem) para, assim que receber o salário, "tirar da frente" um valor pré-estabelecido e construir seu "colchão".

Empatia e compreensão
Entre os anos de 2018 a 2021, trabalhei numa startup cujo objetivo era ser uma assistente financeira pessoal, ajudando os usuários a organizar suas finanças, usar o dinheiro de forma inteligente e, logo, realizar sonhos. Foram inúmeros aprendizados durante esse período, mas um dos principais foi entender que muitos têm vidas financeiras bastante complexas: estão se utilizando de muitas linhas de créditos, têm relacionamento com diversos bancos, contratam/aceitam cartões de crédito de lojas de varejo, entre outros gargalos. Essa experiência me muniu com um atributo imprescindível para quem deseja mentorar: a empatia.

Qualquer app de gestão financeira, cuja funcionalidade seja acompanhamento de metas e de investimentos, serve para monitorar uma situação mais a longo prazo, como aposentadoria ou compra de um imóvel. O principal desafio, nesses casos, é mais comportamental do que tecnológico. As pessoas precisam de disciplina para cumprir o planejado por muito tempo. Com igual força de vontade, deve-se resistir às tentações de consumo e seguir investindo periodicamente, para atingir um objetivo. Cabe aqui uma analogia: ninguém consegue um título de bacharel em menos de quatro anos. É importante dedicar tempo e haver comprometimento.

IA como aliada — e que aliança!
Não preciso nem comentar que a inteligência artificial veio para ficar. Essa funcionalidade está deixando os aplicativos de finanças pessoais cada vez mais personalizados: a máquina aprende sobre você, a partir dos seus gastos e das suas receitas, entende onde mais gasta dinheiro, classifica as suas transações de forma mais assertiva e, assim, lhe dá informações mais acuradas. A inteligência artificial também é capaz de prever comportamentos, analisar a probabilidade de você repetí-los e propor formas de economizar com eles. Por exemplo, se você viaja todo mês de fevereiro, a IA pode te ajudar a planejar um passeio gastando menos e assim por diante.

Esse formato de inteligência em ascensão também entra na parte educativa de finanças: você pode pedir para ferramentas como o Chat GPT compararem alguns investimentos e explicarem sobre a rentabilidade de cada um, entre outras funcionalidades. Ou seja, você será exposto a mais informações para tomar suas decisões financeiras de forma isenta e independente.

Resumindo, há um universo de soluções que podem nos ajudar a gerir melhor as nossas finanças. Seja com planilhas, aplicativos, caderninho analógico, vídeos no YouTube, usando IA (ou não), existe um modelo apropriado ao seu perfil. Essa escolha pode ser mais rápida com um suporte profissional. O mais estratégico é entender que, coletivamente, vamos além.

Luciana Pavan, fundadora e idealizadora do 90 Segundos de Finanças.

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