Convergência de tecnologias impulsiona novo Superciclo de Inovação

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Convergir pode ter vários significados, mas, de forma geral, reflete um conjunto elementos que levam, ao mesmo tempo, para um ponto comum. Existem períodos na história em que uma série de condições se uniram e favoreceram a construção de um momento único de mudança e de desenvolvimento com impacto na sociedade como um todo.

Um exemplo de convergência é a que tornou a cidade italiana de Florença um epicentro de inovação. O Renascimento foi um movimento cultural, artístico, científico e intelectual que ocorreu na Europa entre os séculos XIV e XVI. Alguns dos principais nomes desse período são Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael, Galileu Galilei e Maquiavel.

Um elemento adicional nesse contexto (que é importante para o paralelo com o presente) foi o mecenato, uma forma de incentivo financeiro patrocinado pela família Medici, que apoiou muitos artistas e intelectuais, permitindo o florescimento de talentos e a produção de arte de alta qualidade, além de representar um ciclo de muitos avanços científicos e de desenvolvimento econômico e industrial e de instituições de educação.

Outro exemplo do impacto de uma condição de convergência aconteceu em 2007, no lançamento do iPhone. Steve Jobs combinou três dispositivos: um iPod, um telefone e um dispositivo de comunicação via internet. Todas as tecnologias já existiam naquele momento. A descoberta que mudou o mundo foi o formato de convergência.

O iPhone revolucionou a interface do usuário com sua tela sensível ao toque e a ausência de teclado físico, o que facilitou a interação intuitiva e natural com o dispositivo. A criação do ecossistema iOS, com a App Store, permitiu que desenvolvedores criassem uma vasta gama de aplicativos, ampliando ainda mais as capacidades do iPhone e promovendo a convergência de serviços digitais

Esse foi mais um marco de como a convergência transformou a maneira como nos comunicamos, trabalhamos e nos divertimos, consolidando o smartphone como uma ferramenta essencial no dia a dia.

Chegamos ao presente para reconhecer um novo ambiente com potencial de convergir uma série de condições preexistentes e revelar uma transformação sem precedentes.

No relatório 2024 do Future Today Institute, Amy Webb, Diretora Executiva do Instituto, esclarece que já estamos vivendo "superciclo tecnológico". "Essa onda de inovação é tão potente e penetrante que promete remodelar a própria estrutura da nossa existência, das complexidades das cadeias de suprimentos globais às minúcias dos hábitos diários, dos corredores do poder na política global às normas tácitas que governam nossas interações sociais", afirmou Webb.

O relatório menciona a importância de tecnologias como Inteligência Artificial (IA) generativa, bioengenharia, realidade aumentada/virtual (AR/VR), metaverso e tecnologias verdes como peças desse superciclo.

Outro elemento que acompanha essa condição de mudança é a ampliação de investimentos nas tecnologias. O relatório McKinsey Technology Trends Outlook 2024 destaca o crescimento contínuo da IA generativa, que tem visto um aumento significativo em investimentos e interesse.

Em 2022, de acordo com relatório State of AI 2022 da CB Insights, o financiamento de startups de IA generativa atingiu um recorde de US$ 2,6 bilhões em 110 negócios. São os novos mecenas com disposição de aplicar seu dinheiro na combinação dessas tecnologias, que pode levar a um crescimento exponencial, similar ao impacto que a internet teve no final dos anos 90 e início dos anos 2000.

Mais uma vez todas as condições estão colocadas para se atingir uma convergência que vai abrir as portas de um novo "Superciclo de Inovação". E isso depende da decisão de qual dessas tecnologias indicadas vão conduzir ao novo momento de desenvolvimento, uma nova forma de mídia, de interface de comunicação com poder de impactar de forma ampla toda a sociedade.

"A inteligência artificial e a gestão eficiente de dados libera as empresas das restrições operacionais tradicionais e permite a elas competir de maneiras inéditas", destacou o guru de gestão José Salibi Neto durante evento recente em que estivemos juntos. "Isso permite aumentar o escopo, a escala e o aprendizado", disse Salibi. Ele afirma que "grandes perguntas nos ajudam a identificar e resolver problemas, inovar, desenvolver ideias que podem mudar o jogo e perseguir novas oportunidades".

A pergunta que devemos fazer agora é sobre o que precisa ser feito para não ficarmos fora desse novo Superciclo de Inovação?

Marcel Ghiraldini, co-founder da MATH.

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