Entre alguns projetos de TI da Unimed do Brasil, o diretor de TI da companhia, Dr. César Neves, destaca o intercâmbio eletrônico como o mais inovador. Além dessa característica, a solução é eficiente. Em funcionamento há mais de um ano, a centralização gerada pelo sistema proporcionou resultados consideráveis, como a diminuição de perdas de informações, e conseqüente aumento de produtividade para as Unimeds do Brasil.
Intercâmbio, aqui, é a titulação que se dá quando um cliente é atendido fora de sua Unimed contratada. Para explicar o trâmite, Neves diz que alguns planos de saúde da Unimed são nacionais, e quando um paciente tem seu contrato fechado com a Unimed de Porto Alegre, por exemplo, e precisa de um atendimento emergencial em Belém, isso pode acontecer sem problemas.
Para tanto, o atendimento prestado em Belém vai gerar uma fatura que será enviada para a Unimed contratante, a Unimed de Porto Alegre, conforme o exemplo. "Imagina, hoje, temos 18 milhões de clientes no sistema como um todo – e a movimentação no Brasil é muito grande, quer por trabalho, passeio, lazer. Essa capilaridade do sistema, com 372 Unimeds distribuídas no Brasil, e a permissão do atendimento mútuo, que geram o intercâmbio", define.
Esse intercâmbio existe, na verdade, há muitos anos na Unimed, "praticamente desde que foi criado o sistema", afirma Neves. A diferença, porém, é o atual sistema que o gere. Anteriormente, os meios que o possibilitavam eram papel, telefone e e-mail, e "havia uma perda muito grande de informações", diz Neves.
Além disso, a imprecisão e falta de padronização geravam, inclusive, perdas financeiras para algumas Unimeds, quando os prazos eram "perdidos, passando do tempo de cobrança."
Para solucionar as dificuldades enfrentadas, Neves comenta que foi decidido pela implantação de um sistema de TI que otimizasse esses processos.
O intercâmbio eletrônico usa a interface do sistema da Unimed do Brasil para se conectar com as outras unidades. Na prática, foi conquistada uma centralização que interliga todos os sistemas por meio de um único programa, que evidencia o contrato do cliente do intercâmbio, facilitando a troca de informações, quando comparada aos meios antes utilizados.
Nesse sentido, a Unimed do Brasil, título da sede das unidades das Unimeds do País, encabeçou o projeto, já que é a detentora da marca Unimed e responsável por questões institucionais. "O intercâmbio é gerido pela Unimed do Brasil, e por todos os comitês que todas as outras unidades das Unimeds do País participam", explica Neves. "Nós compusemos a solução, com ferramentas do mercado, e disponibilizamos para o sistema", explica.
Ferramentas do mercado
Para que a solução existisse, o gerente geral de tecnologia e sistemas da Unimed do Brasil, Anísio Rodrigues Neto, afirma que sua equipe de TI contou com alguns parceiros. Desde empresas internacionais grandes – como HP, Oracle, e Cisco, que contribuíram com a infraestrutura e desenvolvimento de aplicações – até o apoio de fábricas de software que já os atendiam antes, como as empresas Substractum e Dynamics, localizadas no Sul do País.
A demanda da Unimed do Brasil, como ele alega, era a criação de um sistema que centralizasse todas as transações do intercâmbio, com funcionalidades distintas, como controle de falha e log de acesso. "Fomos dando tudo que a gente tinha de requisito e eles (os fabricantes) tiveram que desenvolver competências para desenvolver esse sistema para a gente e atender nosso negócio", aponta Neto.
Decididos os parceiros, Neto comenta que uma das premissas para realizar a implementação foi a alteração da plataforma de infraestrutura antes existente, "tínhamos o hábito de trabalhar com máquinas físicas, e uma estrutura mais rígida, tivemos que alterar essas plataformas para a virtualização."
A solução começou a ser desenvolvida em 2007. No entanto, foi interrompida no mesmo ano para que a equipe de TI pudesse atender uma demanda mais urgente: se adequar ao padrão para a troca de informações na saúde suplementar, criado pela Agência Nacional de Saúde (ANS), o TISS. A ANS estabeleceu um prazo de norma para as Instituições de saúde fazerem a mudança, o que estagnou por um período o intercâmbio eletrônico na Unimed.
No fim de 2009, a implementação do intercâmbio eletrônico foi retomada, e, de forma gradativa, finalizou-se em 2011, quando praticamente todas as Unimeds do Brasil estão integradas.
Investimento
Apenas a aquisição de servidores, sistemas operacionais, equipamentos de rede e toda a parte de infraestrutura custou, no total, R$ 2,3 milhões, como informa Neto. "Na parte de aplicações, só para a questão da conectividade, nós gastamos um milhão e meio de reais", completa.
De forma geral, os investimentos realizados no projeto dentro dos quatro anos de implementação totalizaram R$ 13,3 milhões. O retorno desse valor, segundo Neto, é qualitativo. "A gente está dando qualidade ao atendimento das Unimeds, aos clientes delas, e a gente não recupera financeiramente, mas, sim, em valor agregado do negócio", afirma.
Os resultados dos investimentos são, inclusive, lembrados por Neves. "Tivemos uma melhora assustadora. A gente tinha mais ou menos 70% de autorizações que eram perdidas, feitas por telefone e e-mail. Hoje, praticamente 81% das Unimeds já praticam o intercâmbio eletrônico, e com isso houve um avanço extraordinário", reforça Neves.
Apenas a Unimed do Brasil, sem contar todas as unidades do País, fatura, em média, R$ 10 milhões mensalmente. "Em 2012, o faturamento até novembro chegou a R$ 110 milhões apenas na Unimed do Brasil. Se transportar isso para o sistema como um todo, o valor é muito maior", explica Neves.
Projetos de 2013
Neves comenta que a área de TI da Unimed tem dois projetos prioritários para darem continuidade de forma mais incisiva em 2013. O primeiro é a maior consolidação do Prontuário Eletrônico do Paciente, PEP, que existe na Unimed desde abril de 2011. "Isso é uma coisa que tem uma importância fundamental para o sistema", salienta Neves.
Outro projeto é o Super Cardio, uma nova ferramenta de gestão, que irá substituir o atual Cardio, software de gestão de plano de saúde. O Cardio é utilizado há aproximadamente sete anos na Unimed do Brasil, "já está em fase de maturidade", considera Neves.
Ele explica que, em breve, a plataforma pode ter declínio, pois já começa "a denotar sinais de fraqueza", comenta. Para solucionar esse impasse, a equipe de TI já está trabalhando no Super Cardio. Dentro de dois, ou três anos Neves acredita que o sistema entrará em funcionamento.