Depois de uma ano e meio de entrar com pedido de recuperação judicial, a operadora de telecomunicações Oi conseguiu, apesar das inúmeras dificuldades, aprovar o seu plano de recuperação na Assembleia Geral de Credores iniciada na terça, 19, e encerrada na madrugada desta quarta, dia 20. Depois de quase 14 horas de sessão, o plano de recuperação da empresa, com mudanças feitas ao longo do dia, foi aprovado por praticamente 100% dos credores em quase todas as categorias, exceto os quirografários classe III na modalidade valor que fecharam em 72,12%.
A Anatel e a AGU, votaram contra e foram praticamente os únicos credores a se opor ao plano. Como esse cenário estava previsto pela empresa, o plano foi mudado e a Anatel, na prática, entrou na vala comum dos demais credores, nas mesmas condições de todos que votaram contra. Na prática, o governo sai pior do que ficaria se tivesse votado a favor do plano, pois receberia em condições melhores no plano original. Já o BNDES votou favoravelmente ao plano, o que foi determinante para o sucesso da aprovação do plano. O BNDES, por ser credor único em sua classe, tinha na prática poder de veto a qualquer plano. Os bancos públicos (Banco do Brasil e Caixa) também votaram a favor e terão o tratamento previsto no plano de recuperação.
Agora a Oi inicia a segunda etapa do seu plano, que é conseguir vencer as inevitáveis batalhas judiciais contra os credores insatisfeitos (inclusive governo), acionistas, aprovar o plano em segunda instância e, sobretudo, chegar ao momento de capitalização. Esse processo será essencial para a empresa pois os recursos previstos na capitalização é que garantirão o colchão de novos investimentos para a Oi.
Os percentuais de aprovação foram:
Classe 1 – 100%
Classe 2 – 100%
Classe 3 – 99,56% – por cabeça
Classe 3 quirografarios – 72,17% por valor
Classe 4 – 99,8%
Eurico Teles, presidente da Oi, comemorou: "Quero agradecer a todos os presentes, que puseram a Oi no lugar que merece, no lugar dela".
O plano aprovado segue, em linhas gerais, o que havia sido apresentado há uma semana, exceto algumas mudanças feitas no decorrer da AGC. O plano prevê a possibilidade de diluição dos acionistas em até 75% a depender do compromisso dos credores com a conversão em ações e aumento de capital. A dívida da empresa deve cair para cerca de R$ 24 bilhões, e será feito um aumento de capital de R$ 4 bilhões, mais uma possível capitalização de R$ 2,5 bilhões. A expectativa da Oi é investir R$ 7 bilhões ao ano a partir de 2018. Saiu primeiro em Teletime e MobileTime.