O mercado de seguros na América Latina está em pleno crescimento, com o Brasil como um dos líderes regionais. Só no primeiro semestre de 2024, o país registrou um aumento de 14% na arrecadação, segundo dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). No entanto, apesar desse avanço, a penetração de produtos de seguros no Brasil ainda é baixa quando comparada a mercados mais maduros, como os Estados Unidos. Esse cenário aponta para um enorme potencial de expansão, especialmente com o apoio de tecnologias emergentes.
Assim, a transformação digital, que já está revolucionando diversos setores, também é essencial para o progresso das seguradoras. Entretanto, existem barreiras históricas, como a falta de investimentos e as soluções em si, que ainda são inscipientes nessas empresas. Nesse contexto, surgem grandes novidades que prometem impulsionar e mudar o cenário: o Open Insurance, o Embedded Insurance e a inteligência artificial generativa.
Inovação em meio ao aumento de competitividade
O Open Insurance é uma iniciativa regulatória que promove o compartilhamento dos dados de forma padronizada por meio de APIs, ou seja, interfaces de programação de aplicações. O projeto é um predecessor do Open Banking, sistema que permite a partilha de informações financeiras entre instituições bancárias e clientes. O objetivo em comum de ambos é empoderar os consumidores ao proporcionar mais controle sobre seus dados.
Ao mesmo tempo em que esse novo marco de lei impacta em maior competitividade, visto que as pessoas têm mais facilidade de migrar entre diferentes fornecedores, ele abre espaço para novas oportunidades e à democratização do acesso, tornando os seguros mais presentes e acessíveis ao usuário final, tanto nas contratações quanto no seu uso diário.
A revolução da integração de seguros
Assim como vimos o Embedded Finance no setor bancário, a área de seguros vai observar o Embedded Insurance, ou seja, a integração dos benefícios em diferentes momentos da jornada do consumidor de forma natural e contextual. Com isso, eles serão ofertados cada vez mais sob demanda de um jeito ágil, flexível e integrado às experiências de forma similar aos streamings que indicam novos conteúdos com base no nosso histórico. Assim, para capturar essa oportunidade, firmar parcerias estratégicas será fundamental.
Só para exemplificar, algumas aplicações dessa tendência são a oferta de uma garantia estendida no checkout dos e-commerces, um modelo de seguro de viagem no momento de compra de passagens aéreas ou um benefício do tipo na aquisição de automóveis. Com essa abordagem, as seguradoras conseguem expandir a sua presença no mercado, além de se diferenciarem ao oferecerem seguros em momentos específicos do processo de compra, criando novas oportunidades de receita e engajamento.
O papel da IA generativa: eficiência e personalização
Se o Open Insurance estabelece as bases para a transformação do ramo de seguros, a IA generativa tem o poder de impulsionar essa mudança com inovações significativas em eficiência operacional, personalização de produtos e otimização de processos.
Uma das grandes vantagens dessa tecnologia é a sua capacidade de processar vastas quantidades de dados gerados pelo Open Insurance, como históricos de apólices e comportamentos de risco. A partir disso, o recurso viabiliza a criação de produtos personalizados, ajustados às necessidades específicas de cada um. Essa personalização inclui desde a escolha de coberturas de seguros, por exemplo, até a definição de prêmios e de pagamento mais adequadas.
Nesse contexto, a ferramenta permite ainda uma precificação mais dinâmica e em tempo real, baseada no comportamento dos clientes e em suas informações. Isso não só aumenta a precisão da avaliação de risco como ajuda as seguradoras a ofertarem produtos mais competitivos, garantindo preços ajustados para cada perfil.
Ademais, a IA generativa pode acoplar assistentes virtuais que permitem atendimentos automatizados e personalizados, incluindo possibilidades de comparação e contratação de seguros de forma rápida.
Como se preparar para o futuro
Com tantas mudanças à vista, as seguradoras precisam se preparar para esse amanhã dinâmico e inovador. É urgente que haja a modernização de legados dessas companhias para que elas sigam atualizadas, uma vez que, sem agilidade em evoluções tecnológicas, dificilmente uma empresa vai capturar novas oportunidades de negócio.
Investir no letramento dos times referente ao uso da IA e contar com plataformas avançadas que permitam a organização e a visualização dos dados também compõem o preparo necessário. E, por fim, disseminar e garantir a segurança e proteção de dados é fundamental, pois esse aspecto deve ser considerado desde o início dos projetos para garantir a proteção das instituições e de todos os seus clientes.
Assim, a lição que fica é que, em um ambiente de competitividade crescente, conquistar a lealdade dos clientes demanda soluções cada vez mais personalizadas e integradas em diversos pontos da trajetória. O Open Insurance, o Embedded Insurance e a IA generativa vão revolucionar o setor de seguros, viabilizando avanços que promovem maior eficiência, individualização e confiança. As seguradoras que adotarem e investirem nessas inovações estarão mais preparadas para liderar essa nova fase, proporcionando experiências centradas nos humanos acima de tudo e consolidando a sua relevância no mercado.
Denis de Matos Santaterra, Executive Manager na CI&T