No cenário pós-pandêmico, os grandes eventos ressurgiram com vigor renovado, reafirmando sua importância social e econômica. De acordo com a Abrape (Associação Brasileira dos Promotores de Eventos), o setor movimentou R$ 66,6 bilhões nos primeiros sete meses de 2023. Contudo, em meio à euforia de um grande espetáculo, surge um desafio: a conectividade digital. Embora sua importância seja evidente, a qualidade da conexão nesse contexto ainda é um problema recorrente. Organizadores e público frequentemente enfrentam dificuldades devido à falta de acesso a uma conexão eficiente, o que pode transformar um momento de prazer em uma experiência frustrante.
Para esses eventos, a solução deve superar os aspectos técnicos: é necessário considerar a dimensão humana. Em um mundo onde a expectativa por conectividade cresce junto com o número de dispositivos conectados, superar desafios e oferecer uma experiência digital que vá além do básico torna-se essencial.
Expectativas entre os bastidores e o público
A base de uma tecnologia robusta para o sucesso de grandes eventos não pode ser subestimada, uma vez que ela é fundamental não apenas para o público, mas também para os bastidores e o planejamento de todo o entretenimento.
Nesse contexto, a conectividade vai além da transmissão de dados e pode melhorar significativamente a experiência do público. Segundo a Global Web Index, 80% dos participantes compartilham conteúdo em redes sociais durante eventos, destacando a importância de uma conexão estável para o engajamento em tempo real. Além disso, a possibilidade de realizar transações rápidas por carteiras digitais ou QR codes reduz filas e melhora a satisfação dos participantes.
Grandes eventos recentes têm evidenciado a crescente demanda por conectividade robusta. No Rock in Rio 2024, por exemplo, o tráfego de dados atingiu 185 terabytes (TB) ao longo dos sete dias de shows, representando um aumento de 40% em relação à edição anterior. No Carnaval de 2024 na Sapucaí, a infraestrutura de telecomunicações desempenhou um papel essencial, suportando a transmissão de cerca de 40 TB de dados em tempo real, garantindo conectividade estável para milhares de participantes e espectadores.
Para os organizadores, uma infraestrutura digital robusta é mais do que uma ferramenta: é um pilar estratégico para a eficiência operacional do evento. Ela assegura fluidez na comunicação interna, agilidade nos sistemas de pagamento e monitoramento eficaz da segurança. Dados da Cisco indicam que 70% dos participantes de grandes eventos esperam conexões rápidas e seguras para interagir nas redes sociais e realizar transações online, tornando a conectividade um elemento indispensável para o sucesso e a satisfação do público.
Além disso, a internet possibilita a integração entre o presencial e o digital, conectando também um público remoto que pode acompanhar e interagir com o evento mesmo não estando presente. Investir em tecnologia de ponta é, portanto, indispensável para atender às expectativas de todo o ecossistema envolvido.
Sob o olhar de quem entrega conectividade
Em competições globais como as Olimpíadas, é evidente como o público concilia o on e o offline. Nos Jogos de Paris-2024, o Comitê Olímpico Internacional relatou recordes históricos de audiência e engajamento: 412 bilhões de interações geradas por 270 milhões de postagens nas redes sociais. No Brasil, a Cazé TV trouxe inovações na cobertura online, acumulando mais de 644 milhões de visualizações no YouTube e 313 milhões de interações no Instagram e no X.
Para o segmento de telecomunicações, eventos dessa magnitude funcionam como laboratórios vivos para testar novas tecnologias, fortalecer a imagem da indústria e criar frentes de negócio. Nesse cenário, os provedores têm a oportunidade de demonstrar toda sua capacidade tecnológica, atrair novos clientes e consolidar sua reputação no setor.
Foi o caso do Carnatal 2024, o maior carnaval fora de época do mundo, realizado em Natal (RN). Nos três dias de evento, foi possível demonstrar a potência da tecnologia Wi-Fi 7, que promete revolucionar a conectividade em cenários de alta densidade de dispositivos. Nesta edição, mais de 100 mil pessoas estiveram presentes, e a audiência remota quebrou recordes, alcançando meio milhão de telespectadores apenas na Band RN.
Para garantir uma infraestrutura robusta, planejada com meses de antecedência, foram implantados mais de 70 rádios, transmitindo cerca de 2 terabytes de dados, o que assegurou conexões rápidas e estáveis para organização e participantes. Além disso, o uso da tecnologia XGS-PON permitiu conexões simétricas com velocidades de até 10 Gbps, para o perfeito funcionamento de mais de 500 máquinas de pagamento, painéis de LED e até transmissões de rádio e TV sem interrupções.
O futuro da conectividade
Em um mundo cada vez mais digital, a conectividade deixou de ser um luxo para se tornar uma necessidade essencial. É fascinante como a tecnologia transforma experiências e reforça laços, mesmo em ambientes desafiadores. Minha missão como gestor neste segmento é mostrar que a tecnologia brasileira está preparada para competir em nível global. A verdadeira inovação está em usar a conectividade para aproximar pessoas e criar memórias inesquecíveis. Apesar dos desafios, o setor de telecomunicações está no caminho certo para garantir que a conectividade se torne parte integral da vida das pessoas.
Denis Ferreira, CEO da Alares.