(ATUALIZADA EM 22/02 às 11:10) – A primeira empresa a comercializar ao consumidor final acesso banda larga via satélite usando a banda Ka no Brasil deve ser a Via Sat Brasil, uma pequena empresa de Goiânia que tem um projeto ambicioso para desbravar esse mercado a partir de abril. A Via Sat Brasil, que não tem nenhuma relação com a Viasat norte-americana, contratou o serviço de banda Ka da Media Networks com exclusividade. A Media Networks é uma empresa do grupo Telefónica que até aqui estava focada na distribuição de conteúdos digitais para DTH, integrando e distribuindo os sinais para diferentes operadoras. Entre as usuárias no Brasil estão a própria Vivo TV, a Oi TV e a CTBC.
A distribuição de banda larga em banda Ka é feita nos mesmos moldes pela Media Networks. Ela é a responsável pela contratação dos links terrestres, administração dos teleportos e, sobretudo, da capacidade no satélite. Nesse caso, a Media Networks contratou a capacidade em banda Ka do recém-lançado Amazonas 3, da Hispasat. O satélite está em fase de testes e posicionamento e deve entrar em funcionamento ainda em abril.
Até 18 Mbps
É justamente em abril que a Via Sat Brasil pretende lançar o serviço. Serão ofertados pacotes de 2 Mbps a 18 Mbps de downstream (metade da velocidade nominal no upstream) e que variam de R$ 99,99 a R$ 399,99, com franquia de uso variável, que vai de 2 GB a 18 GB por mês, respectivamente. Em todos os casos, o serviço é reduzido a 100 kbps quando a franquia é alcançada, mas é possível a contratação de um volume adicional. O serviço requer uma adesão de R$ 300, que inclui a instalação, e o equipamento fica em comodato. Para a instalação é necessária uma antena de 75 cm (um pouco maior do que uma antena de DTH), além dos equipamentos eletrônicos da antena e do modem. Os fornecedores de antena e modem ainda estão sendo definidos (o responsável pela contratação dos equipamentos é a Media Networks). A empresa tem ainda opções de acesso empresarial com maior franquia de tráfego, mas com velocidade máxima sempre de 18 Mbps.
Instaladores
Segundo o diretor de marketing da Via Sat Brasil, Johnson Havila, a empresa já selecionou 340 agentes autorizados, que serão responsáveis pela venda do serviço e também pela instalação dos equipamentos. Muitos deles são agentes autorizados de operadoras de DTH. O atendimento telefônico e o controle de assinantes serão feitos pela própria Via Sat Brasil, em Goiânia. A cobertura do serviço depende, obviamente, da cobertura dos satélites. A Via Sat Brasil utilizará três beams em banda Ka do Amazonas 3 que cobrem os estados de São Paulo, Minas, Rio de Janeiro, Goiás, Distrito Federal e Espírito Santo. Cada beam tem capacidade par atender até 150 mil clientes com velocidade de 2 Mbps e oferece uma cobertura com raio de cerca de 500 km.
TV por assinatura
Além do serviço de banda Ka, a Via Sat Brasil também pretende entrar no mercado de TV por assinatura em DTH. A empresa já contratou a Media Networks e deve lançar o serviço juntamente com o acesso banda larga, diz Havila. Ele explica que os serviços serão independentes e utilizarão antenas separadas. Segundo apurou este noticiário junto a fontes do setor de satélite, ainda que a ideia seja passar todo o conteúdo hoje no Amazonas 1 para o Amazonas 3, a opção por duas antenas em casos em que os sinais de Ku e Ka estão no mesmo satélite deve-se a uma questão de custos e simplicidade técnica, mas é possível fazer tudo em uma antena apenas.
A Via Sat Brasil já tem experiência de alguns anos operando banda larga por satélite, mas o fazia em banda Ku. A solução em Ku, contudo, é muito mais limitada em termos de velocidade (o serviço é de no máximo 4 Mbps), exige antenas maiores, uma instalação mais complexa e o custo é substancialmente mais alto.
Cidades sem infraestrutura
Segundo Johnson Havila, a estratégia é oferecer o serviço em cidades de todos os portes, mas com serviços deficientes de banda larga, regiões rurais e mercado empresarial. Em termos de aplicação, a Via Sat Brasil acredita que apenas usuários de games e videoconferências (Skype) possam sentir alguma dificuldade com a alta latência, característica inerente à banda Ka em satélites geoestacionários. Para as demais aplicações, diz Havila, o serviço é absolutamente similar às opções existentes no mercado. A empresa já vem realizando pré-cadastro de interessados pelo site.