Após uma série de investigações, a Comissão Nacional sobre Informática e Liberdades (CNIL, na sigla em Francês), órgão responsável por garantir a privacidade e as liberdades individuais no mundo digital, constatou que o Google coletou dados de acesso à internet sem fio, feito durante o mapeamento das ruas para o projeto Street View, sem o conhecimento dos usuários, por isso diz que decidiu aplicar multa à empresa no valor de 100 mil euros.
Documento publicado no site da CNIL diz que as investigações constataram que o site de buscas coletou informações dos roteadores Wi-Fi de residências na França. O órgão responsável pela privacidade dos usuários diz que havia solicitado ao Google para regularizar a situação, em maio do ano passado. Segundo a CNIL, como a empresa não respondeu ao pedido em tempo hábil, no dia 17 deste mês o órgão decidiu aplicar-lhe a multa.
De acordo com a CNIL, monitoramento efetuado entre o fim de 2009 e início de 2010 revelou que os veículos utilizados na França não só capturaram fotografias, mas também dados pessoais transmitidos por redes sem fio, como senhas, logins, números de identidades etc. O órgão alega que, como existem dezenas de milhares de pontos de acesso Wi-Fi no país, isso permitiu ao Google desenvolver uma base de dados de geolocalização extremamente poderosa e, portanto, obter uma posição dominante no mercado francês de serviços de localização.
Em abril do ano passado, o Google publicou nota na imprensa internacional no qual afirmava que não recolhia qualquer conteúdo de dados de comunicação. Logo depois, porém, o site de buscas admitiu que tinha realmente gravado esses dados, mas justificou que coleta foi feita de forma acidental, por causa de um erro no software usado para que os carros do Street View acessem a internet. O Google disse, ainda, que as entidades reguladoras do setor não foram comunicadas porque "achou que não fosse necessário", por se tratar de "um problema de fácil resolução".
A CNIL considerou as respostas dadas pelo Google, na sequência da solicitação encaminhada pelo órgão, como insuficientes e diz que a empresa até hoje não forneceu o programa de computador com o suposto problema, que levou ao recolhimento dos dados, para ser analisado. Finalmente, ela critica o Google por contestar a aplicação da lei francesa e por se recusar a informar o órgão, apesar de dois pedidos para fazê-lo.
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