Imagine um banco digital enfrentando lentidão ao processar transações porque suas nuvens não se comunicam com eficiência. Ou um varejista perdendo vendas porque a latência entre seus servidores afeta a experiência do cliente. A adoção de múltiplas nuvens cresce, mas sem a conectividade certa, empresas podem enfrentar mais problemas do que soluções.
A abordagem multi-cloud tem se consolidado como estratégia essencial para empresas que buscam escalabilidade, flexibilidade e resiliência operacional. No entanto, a conectividade entre diferentes provedores de nuvem ainda representa um desafio crítico, especialmente em relação à segurança, desempenho e conformidade regulatória.
De acordo com uma pesquisa da Oracle, 98% das organizações já implementaram ou planejam implementar uma abordagem multicloud, visando otimizar custos e evitar a dependência de um único fornecedor (Oracle). No Brasil, essa tendência é ainda mais expressiva: um estudo da Nutanix revelou que 54% das empresas brasileiras adotam o modelo multicloud, superando as médias das Américas (38%) e global (36%) (Datacenter Dynamics).
A transmissão de dados entre ambientes de nuvem geralmente ocorre por meio da internet pública, o que pode gerar problemas de latência, vulnerabilidades de segurança e limitações no controle do tráfego. Para mitigar esses riscos, cresce a adoção de soluções de multi-cloud connection, que permitem conexões diretas e privadas entre provedores como AWS, Microsoft Azure, Google Cloud e Oracle Cloud, reduzindo a dependência da internet convencional.
O impacto da conectividade inadequada
Um estudo da Gartner estima que 60% das interrupções de serviço crítico até 2025 serão causadas por falhas na rede. Para um e-commerce, isso pode representar milhões de reais em vendas perdidas durante apenas alguns minutos de instabilidade. Em ambientes financeiros, uma latência elevada pode significar erros em transações e prejuízos operacionais incalculáveis. Já no setor de saúde, a falta de conectividade confiável pode impactar o acesso a dados críticos de pacientes.
O mercado global de gerenciamento multicloud apresenta crescimento significativo. Estimativas indicam que o setor, avaliado em US$ 7 bilhões em 2022, deve atingir US$ 50,04 bilhões até 2030, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 28,6% durante o período de 2023 a 2030 (Fortune Business Insights).
O futuro da conectividade entre nuvens
Entre as vantagens da conectividade privada, a redução da latência aparece como um dos principais benefícios. Em aplicações críticas, como sistemas financeiros, plataformas de streaming e serviços de inteligência artificial, atrasos na transmissão de dados podem comprometer a experiência do usuário e a operação do negócio. Além disso, conexões privadas eliminam a exposição direta a ameaças cibernéticas, um fator relevante diante do crescimento de ataques direcionados a infraestruturas na nuvem. Os danos causados por crimes cibernéticos podem chegar a US$ 10,5 trilhões anuais até 2025, de acordo com projeções da Cybersecurity Ventures.
Empresas de tecnologia e telecomunicações especializadas no mercado B2B têm investido na ampliação da oferta de soluções de multi-cloud connection, proporcionando acesso direto a ambientes de nuvem públicas e também privadas por meio de redes de alta capacidade e baixa latência. A conexão dedicada permite maior previsibilidade de desempenho e controle sobre o tráfego, garantindo conformidade com regulamentações específicas de setores como financeiro, saúde e telecomunicações.
A conectividade eficiente e segura entre nuvens públicas se tornou um fator estratégico para a transformação digital das empresas. A adoção de soluções de multi-cloud connection representa um passo fundamental para garantir desempenho, segurança e confiabilidade em um ambiente cada vez mais crítico, descentralizado e dinâmico.
Marcos Bedani, Diretor de Desenvolvimento de Negócios (BDN) da Mega.