Prestes a completar três meses, o mercado regulado de apostas enfrenta diariamente a concorrência de milhares de sites ilegais, que operam sem autorização do governo federal. Nesta quinta-feira (21), no entanto, foi dado um passo importante para o combate dessa rede clandestina de jogos, avalia a Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL): a publicação da portaria Nº 566, da Secretária de Prêmios e Apostas (SPA). A nova legislação proíbe bancos e instituições de meios de pagamento de manterem contas e fazerem transações de empresas de bets irregulares.
A partir da portaria, os sites ilegais não podem mais ter contas bancárias, nem fazer uso de meios de pagamentos, para receber dinheiro de apostas e gerar pagamentos aos apostadores. Além disso, essas instituições financeiras terão que adotar procedimentos e controles que permitam identificar indícios de atuação de pessoas físicas e jurídicas que exploram a atividade sem autorização do governo, assim como daqueles que atuam como intermediários dessas operações.
"Esta portaria é um marco no combate à indústria ilegal de apostas. A ANJL já vinha solicitando a setores e órgãos do setor financeiro esse bloqueio de contas de empresas que funcionam sem autorização do governo. É uma rede clandestina, que traz prejuízos na arrecadação tributária e que lesa apostadores e operadoras que atuam no mercado regulado. Foi importante ainda a inclusão de meios de pagamento neste texto da SPA, porque alguns estão sendo a porta de entrada de sites que ficam fora do país e que tentam burlar a legislação para oferecer seus serviços de jogos de forma irregular", afirma o presidente da ANJL, Plínio Lemos Jorge.
Plínio ressalta, ainda, que a portaria determina que bancos e meios de pagamentos denunciem à SPA contas com suspeita de uso para movimentação de recurso com o objetivo de exploração irregular de apostas. "Somente nos últimos cinco meses, a SPA solicitou o bloqueio de mais de 12 mil sites de apostas ilegais. Não é possível falar em dados oficiais, porque se trata de um setor clandestino, mas o desvio da arrecadação de impostos provenientes desta indústria fica na casa de bilhões de reais. Por comparativo, vale lembrar que as bets autorizadas vão gerar ao governo federal, a cada ano, aproximadamente R$ 20 bilhões em receita tributária, além de 60 mil novos empregos nos próximos cinco anos", explicou o presidente da ANJL.
Publicidade responsável
O combate aos sites ilegais e a publicidade responsável para jogos foram temas de duas reuniões, em Brasília, nesta semana, do presidente da ANJL, Plínio Lemos Jorge, com importantes organizações do setor de Comunicação do país. O primeiro encontro aconteceu na Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), que representa mais de três mil veículos de imprensa. Em seguida, Plínio, que estava acompanhado do diretor jurídico da ANJL, Pietro Cardia Lorenzoni, esteve na Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel), que reúne centenas de emissoras.
"Temos uma legislação nova, entendimentos a serem feitos e demandas que surgem a partir desta realidade. Uma delas, sem dúvida, é a participação dos setores de comunicação nessa rede de combate às empresas de apostas que operam de forma clandestina no país. A projeção desta indústria, que opera ilegalmente, acontece muito por meio da publicidade. Frear esta divulgação vai contribuir para a sustentabilidade do setor que paga tributos e atua com a chancela do governo federal", afirmou o presidente
Influenciadores digitais
Em parceria com o Conselho Nacional Autorregulamentação Publicitária (Conar), a ANJL tem orientado um grupo importante que trabalha na divulgação paga de bets, os influenciadores digitais, a se especializarem em um novo ramo da comunicação: a publicidade ética das apostas.
O curso é on-line e conta com oito módulos, que abordam temas essenciais, como os princípios da publicidade ética em apostas, responsabilidade social, proteção de populações vulneráveis e as conformidades e requisitos regulatórios.
Segundo o diretor de Comunicação da ANJL e CEO da Propane, Leonardo Benites, o curso ensina a criar campanhas dentro das normas, reduzindo riscos e ampliando oportunidades no mercado. "Não compreender as regras do Conar pode trazer grandes problemas. Multas, restrições, processos e até a perda de parcerias. Além disso, a concessão de influenciadores e afiliados pode ser seriamente prejudicada, dificultando futuras oportunidades", destaca ele.
Para Benites, o próximo passo é oferecer aos influenciadores capacitados um selo que conceda maior credibilidade à postagem na atividade de apostas. "Com uma abordagem ética e profissional, os influenciadores se tornam mais significativos para marcas e anunciantes, garantindo parcerias. Por isso, é importante separar o profissional qualificado do que atua para o mercado de sites ilegais", afirma o diretor de Comunicação da ANJL.