Guia prático para investir em inovação em 2025

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Mesmo sendo fundamental para alavancar a economia e fortalecer os negócios, a inovação ainda enfrenta desafios no Brasil. O País ocupa a 50ª posição no Índice Global de Inovação 2024, que avalia 133 nações e, embora siga sendo o líder entre as economias da América Latina e do Caribe, esse contexto ainda evidencia os obstáculos enfrentados pelo Brasil no que tange pesquisa, infraestrutura, investimento em novas tecnologias, educação e carência de divulgação e transparência nas políticas públicas que promovem a concepção de projetos inovadores.

Nesse sentido, trazendo à tona o cenário empresarial, é válido ressaltar que as empresas brasileiras assumem um papel fundamental no desenvolvimento da inovação no País, tendo em vista que impulsionam o crescimento socioeconômico, fomentando a geração de novos empregos e rendas. No entanto, ainda há uma longa jornada a ser percorrida para que as companhias ampliem ainda mais seu impacto inovador no mercado.

Desafios

Num cenário em que inovar é o caminho para se manter competitivo no mercado, muitas organizações ainda enfrentam o desafio de encarar a pesquisa e desenvolvimento de inovação (PD&I) como um custo, e não como prioridade. Além disso, é comum que a PD&I seja tratada de forma isolada, quando, na realidade, esse setor deve estar integrado à estratégia central do negócio para gerar resultados efetivos e mensuráveis.

Também é uma verdade que as empresas enfrentam um cenário incerto, caracterizado por volatilidade econômica e desafios regulatórios que exigem flexibilidade e adaptação constante, mas que, em contrapartida, se mostram como uma oportunidade para inovar, principalmente quando a mudança é tecnológica.

Em termos de barreiras burocráticas em inovação, um exemplo prático é o processo de aprovação de patentes no Brasil, que continua moroso. Não pode ser descartada, também, a escassez de mão de obra qualificada em áreas tecnológicas e científicas, dada a demanda e a saída de profissionais especializados para outros países.

Ou seja, todos esses pontos dificultam a implementação de soluções inovadoras, mas é a partir deles que fica clara a importância de repensar processos, investir em capacitação, melhorar a eficiência da desburocratização e, acima de tudo, tratar a inovação como centro estratégico do crescimento empresarial, social e econômico.

Os tipos de inovação

Existem diversos tipos de inovação disponíveis para diferentes empresas, variando conforme suas necessidades e os recursos disponíveis, e é importante compreendê-las para que haja um crescimento sustentável frente ao investimento.

A inovação incremental é a mais viável a curto e médio prazo, pois está associada a melhorias contínuas em produtos, processos e serviços já existentes, com mudanças que representam menor risco, mas que podem agregar ganhos significativos na competitividade, uma vez que é mais fácil de ser aceita pelo mercado em sua sutileza.

Já a inovação disruptiva introduz um novo modelo de negócio ou tecnologia que pode transformar setores inteiros e desestabilizar as empresas tradicionais. Esse modelo apresenta um risco mais elevado, além de exigir investimentos substanciais desde as fases iniciais de desenvolvimento.

Por outro lado, a inovação radical, menos comum, ocorre quando há uma mudança profunda na dinâmica de um mercado, alterando seu funcionamento ou até mesmo criando um segmento. É o tipo de inovação com mais vantagens competitivas no longo prazo.

Não obstante, além dos tipos mencionados, há, também, os modelos de inovação, ou seja, a maneira como as empresas optam por investir em inovação considerando a sua cultura e planejamento.

O mais conhecido, atualmente, é a Inovação Aberta (Open Innovation), que se baseia na colaboração entre empresas e outros agentes desse ecossistema, como é o caso das startups, centros de pesquisa e universidades. Esse é um modelo significativamente importante para o desenvolvimento socioeconômico do País, pois permite a troca de conhecimento e amplia o acesso aos diferentes momentos tecnológicos que cada um desses agentes vivencia.

Existem segmentos que são mais maduros em relação à inovação, como é o caso das startups, que vêm crescendo ano após ano impulsionadas pelo conceito de Inovação Aberta. Esse modelo as incentiva a desenvolverem tecnologias mais ágeis e disruptivas para o mercado. Além disso, grandes empresas têm investido cada vez mais em startups, seja por meio de aportes financeiros ou fusões e aquisições (M&As).

Há, ainda, outros setores do mercado que se destacam em inovação, sendo eles farmacêutico, químico, informática, produtos eletrônicos, máquinas e equipamentos, bem como agrícola e bancário, impulsionados pelo avanço de tecnologias, como Inteligência Artificial (IA) e Internet das Coisas (IoT).

O passo a passo para uma empresa inovar

A implementação de uma estratégia de inovação requer planejamento estruturado e alinhamento dos objetivos da empresa, com definição do impacto esperado em termos de crescimento e competividade e dos indicadores de medição, com a criação de uma governança clara e comprometida.

Uma vez realizada a definição estratégica, a companhia inicia o processo de reunir insights e iniciativas inovadoras para as empresas, compreendendo as necessidades já pré-existentes e identificando as soluções que se destacam tanto em inovação quanto em aplicabilidade.

Na sequência, a organização precisa criar a abertura de um projeto para, então, realizar uma avaliação de viabilidade técnica e financeira da iniciativa. A partir disso, deve-se preparar um plano de projeto, reunindo as documentações necessárias para o termo de abertura da iniciativa.

O próximo passo é elaborar um plano de gestão de projetos, seguido do gerenciamento do escopo, que estrutura os objetivos e define a organização analítica que a iniciativa deve seguir. Vale ressaltar que o plano de gerenciamento é essencial para definir as fases do projeto, atribuir responsáveis e acompanhar o status de execução quando a iniciativa já estiver em prática.

Posteriormente, entra em ação o plano de gerenciamento de trabalho, que controla todas essas vertentes e garante que tudo esteja sendo cumprido conforme o planejamento inicial. Além disso, há o plano de garantia de qualidade, que verifica se os padrões de qualidade estabelecidos no início do projeto estão sendo alcançados.

Por fim, é essencial desenvolver um plano de gerenciamento de riscos. Nessa etapa, devem ser definidas as soluções propostas para superar esses desafios, além da possibilidade de surgirem novas oportunidades que extrapolem a iniciativa original. Também são estabelecidas as ações necessárias para mitigar riscos e dar início às etapas técnicas, incluindo ensaios e testes para comprovação de desempenho, eficiência e qualidade.

Finalizando, são realizadas as etapas de documentação final, com a obtenção das aprovações em todos os testes e aplicações, sejam eles laboratoriais ou em campo, garantindo a homologação definitiva do projeto.

O que não se pode perder no processo rotineiro da inovação é o acompanhamento dos indicadores e metas estabelecidos, pois serão eles que nortearão as tomadas de decisões na renovação do ciclo de investimento.

A relevância dos incentivos fiscais

Este deve ser o ponto de partida para as empresas que desejam inovar. Dessa forma, logo no início do processo, a empresa deve avaliar se existem mecanismos de fomento à inovação que facilitem a aplicação ou proporcionem ganhos além dos aspectos técnicos e competitivos já previstos na iniciativa. Isso, muitas vezes, facilita o desenvolvimento do projeto e permite que a empresa se organize melhor quanto aos recursos necessários.

Os incentivos fiscais, como a Lei do Bem, a Lei de Informática e o Programa Mover, encorajam as empresas a continuarem inovando, funcionando como mecanismos que fomentam o ciclo do investimento contínuo. Se investir em inovação é o caminho para a competitividade, essa ação é inevitável, então direcionar um projeto ou a área de PD&I a um incentivo permite que as empresas recuperem parcial ou totalmente esse recurso financeiro, podendo realizar cada vez mais aportes em soluções inovadoras no país.

Nesse âmbito, o ideal é que o empreendimento conte com uma consultoria especializada, de forma que a operação seja minimamente impactada, enquanto a companhia obterá respaldo quanto à segurança e qualidade de todo processo, com a rastreabilidade total das documentações acessórias, para a geração e usufruto do potencial máximo do incentivo.

ROI em inovação

O ROI (Retorno sobre Investimento) avalia o lucro ou prejuízo de um investimento, oferecendo previsibilidade sobre os resultados da iniciativa proposta. Embora seja um indicador relevante, as empresas precisam ir além dos ganhos financeiros e considerar outros fatores essenciais dentro de um processo de inovação, como a estrutura de governança e a cultura de inovação.

Ter uma governança sólida e uma cultura de inovação é importante para garantir que os passos práticos da iniciativa funcionem de maneira efetiva. Dessa forma, a companhia deve iniciar o processo de inovação com um propósito estratégico e concluí-lo com resultados mensuráveis, fortalecendo o papel do time de P&D como parte essencial da estratégia da companhia.

Caso a empresa não demonstre um diferencial competitivo, um valor agregado e se reinvente para acompanhar as tendências, corre o risco de se tornar defasada, perdendo a eficiência no mercado.

Além disso, o investimento em inovação tecnológica não apenas assegura o posicionamento e a estabilidade da empresa, mas também pode permitir a expansão do seu mercado. Isso não se limita à manutenção da posição atual, mas também promove a melhoria da qualidade, produtividade nos produtos, processos e serviços, gerando redução de custos, otimização de tempo e alavancando os negócios e a competitividade.

Laís Leoncini (esquerda) e Anne Torres (direita) são Gerentes de Negócios no FI Group.

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