O Cloud Computing no Brasil depende do Governo?

0

Não é novidade que o Brasil tem uma séria deficiência no estímulo a inovações e adoção de novas tecnologias. A política tributária, a mesma que nos deu estabilidade no momento da crise de 2008, é forte inibidora do empreendedorismo. Por conta disso, os impostos e a falta de investimento em infraestrutura transformaram a internet brasileira em vítima. E a consequência afeta toda uma cadeia de negócios e oportunidades, inclusive o Cloud Computing. No entanto, ainda assim, o cenário é otimista e promissor.
Temos como traçar um paralelo do número de domínios registrados no Brasil e Estados Unidos. Atualmente o Brasil possui algo em torno de 2 milhões de domínios registrados e ativos (Registro.br). Um único player norte-americano, a One&One, responde por 2,6 milhões de domínios (webhosting.info). Isto, naturalmente, é reflexo da penetração do acesso à internet domiciliar e profissional. No Brasil 17% da população tem acesso banda larga ADSL (IDC), enquanto que nos EUA chega a 60% com uma população 60% maior.
O mercado de shared hosting no Brasil está estimado em US$ 400 milhões com um crescimento de 20% ao ano e o mercado de outsourcing na América Latina fechou 2009 em torno de US$ 9 bilhões segundo o Gartner. No entanto, o grande efeito econômico efetivamente ocorrerá quando houver a adoção massiva da TI por micro e pequenas empresas, o que fomentará a demanda por novas soluções estimulando o círculo virtuoso extremamente benéfico para o país.
Portanto, com esta situação, quando falamos no ambiente corporativo, toda e qualquer tendência sofre restrições em volume e tempo de adoção. E não é diferente com o Cloud Computing.
Em 2008 o tema Cloud Computing começou a entrar nas pautas de reunião dos departamentos de tecnologia de grandes empresas. Em meados de 2009 e início de 2010, os profissionais de tecnologia começaram a enxergar o Cloud Computing como real solução para as demandas de infraestrutura (IaaS). Até então, as ofertas no mercado local restringiam-se a servidores virtuais estáticos e rígidos. Somente em 2010 efetivamente tem início o surgimento de soluções elásticas que atendam a demanda por capacidade computacional sob demanda, flexível e com recursos ajustáveis on the fly.
No Brasil, a Cloud Privada, aquela na qual monta-se uma nuvem para uso exclusivo de uma empresa, está na frente. Um case importante é a GLOBO, o 4o maior conglomerado de mídia no mundo, que adotou a plataforma cloud recentemente tornando-se case mundial conforme apresentado este ano no XEN Summit (Vide: http://www.slideshare.net/xen_com_mgr/xen-summit2010-globocom). Assim como ela, diversas grandes corporações têm optado por criar suas próprias nuvens.
Já no que diz respeito ao modelo de Cloud Pública no modelo IaaS (infrastructure as a service) com infra-estrutura no Brasil, aquela na qual uma estrutura em nuvem é compartilhada por diversos clientes, a adoção por parte do mercado tem sido relativamente lenta. Estima-se, conforme comunicado por algumas empresas no mercado, que haja aproximadamente 3.500 servidores em formato cloud ativos. O grande desafio é justamente acelerar o processo de adoção da tecnologia a partir do esclarecimento ao mercado. A iniciativa privada se incumbirá de assumir as melhores ações para difundir suas soluções.
No entanto, grande parte do resultado e potencial de crescimento depende efetivamente de maior demanda por soluções baseadas na internet. E quem dita essa demanda é a população digitalmente participante. Segundo um estudo de 2009 do Banco Mundial, a cada 10% de penetração de banda larga na população, ocorre o incremento de 1,38% no PIB per capta. Por este motivo, o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) promovido pelo governo brasileiro vêm gerando esperança e estímulo, pois ações como a tão desejada redução de impostos e intenso investimento em infraestrutura serão a força motriz que faltava para transformar a inata capacidade empreendedora e criativa do brasileiro em potencia mundial em tecnologia.

Cristian Gallegos é diretor-geral da Tecla Serviços de Internet, empresa do Grupo Alog Data Centers

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.