Câmbio desfavorável não inibe investimento do agronegócio em TI

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Apesar dos resultados abaixo das expectativas, mesmo assim a agroindústria brasileira apresentou crescimento em 2005. Inicialmente, o ano que parecia bastante promissor dado o desempenho obtido em 2004, ao longo de 2005 revelou-se turbulento para o setor, que teve de lidar com quebras nas principais culturas do país, taxas de câmbio desfavoráveis e queda nos preços internacionais.

O desempenho do setor agrícola causou reflexos em outros segmentos diretamente dependentes, como fertilizantes e máquinas agrícolas. Mesmo assim, o desempenho geral do agronegócio não foi de todo ruim, o que lhe permitiu reservar verba para a aquisição de tecnologia.

Apesar de representar uma fatia bem pequena no total dos gastos com TI no mercado nacional, apenas 2%, menor ainda se comparado aos 30% do PIB que gera anualmente, o agronegócio tem aumentado seus investimentos em tecnologia. A análise ?Brazil IT Investment Trends: Agribusiness 2006?, realizado pela IDC Brasil, mostra um crescimento sensível nos investimentos, com a agroindústria em um estágio mais maduro e enfrentando maior acirramento nas competições, tanto no mercado interno como no externo.

?Utilizar um processo de gestão mais bem estruturado e suportado pela área de tecnologia deixa de ser um acessório e passa a ser o diferencial, especialmente entre grandes empresas que visam aumentar sua produtividade e reduzir seus custos por meio do ganho de eficiência?, diz Mauro Peres, diretor de pesquisas da consultoria.

De acordo com o estudo, as empresas do setor de agronegócio elevarão seu orçamento de TI para 2006 na média de 11%, o mesmo patamar observado em 2004. Pela peculiaridade de cada negócio, o setor, em geral, acabou desenvolvendo internamente suas próprias ferramentas e as combinou com soluções de mercado, resultando em sistemas com baixo índice de integração. Segundo Peres, com a busca pela excelência no processo produtivo a integração desses dados e das ferramentas se faz fundamental, o que abre grandes oportunidades para as empresas de serviços.

Já as empresas de pequeno e médio porte contam com parques de TI bastante defasados, porém são membros de uma cadeia produtiva que está utilizando tecnologia para se integrar. E como necessitam investir em hardware e infra-estrutura, mais oportunidades se abrem, dessa vez para os fornecedores de tais produtos.

Sendo um setor bem heterogêneo, com culturas altamente rentáveis e outras nem tanto, há de se contar as especificações de cada segmento. O de exportação de carnes, alimentos e trading é o segmento mais aquecido do agronegócio brasileiro em virtude do aquecimento da economia global e do aumento da demanda internacional que fomenta exportações.

O segmento de cooperativas, usinas, agricultura e pecuária conta com o impulso promovido pelo crescimento da utilização de álcool combustível nos veículos com tecnologia flexível e também com mercados de peso, como soja e milho. Já o segmento de adubos, tratores e máquinas agrícolas sofre o reflexo do resultado desfavorável de 2005 e as baixas perspectivas de recuperação do segmento em 2006, fato também observado no segmento de fertilizantes, o qual é dependente do desempenho do negócio do complexo da soja, que enfrentou problemas no ano passado.

?Mas, pela avaliação das perspectivas de investimento no setor de agroindústria por porte de empresa, as principais oportunidades ainda se encontram nas grandes empresas, as quais deverão bastante seu orçamento de TI quando comparado a 2005. Nos últimos anos, essas empresas amadureceram bastante quanto à utilização de TI, e estão com planos de longo prazo e o foco em soluções de gestão?, explica Peres.

As médias empresas, por sua vez, não possuem abundância de capital para investir, tendo de depender de linhas de financiamento do governo. Por outro lado, existe a necessidade de integração à cadeia produtiva e, para tal, os investimentos em TI são fundamentais.

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