A transformação tecnológica traz inúmeros impactos que estão ligados diretamente à gestão de pessoas. Com isso, as estratégias que envolvem esse processo digital, inovação e cultura precisam estar alinhadas para seguirem na mesma direção. No âmbito organizacional, é necessário traçar métricas que sejam relevantes para cada empresa e entender como elas geram valor para os negócios.
O perfil cultural é um propulsor dentro desse processo de inovação digital e um dos pilares da inovação é a criatividade. O Brasil, em comparação com os demais países, se destaca nesse meio evolutivo, já que o perfil do brasileiro está altamente ligado à imaginação e às estratégias inovadoras. Outras regiões estão mais acostumadas com modelos processuais e técnicos, gerando um saldo mais lento no desempenho dentro desse cenário.
Apesar de toda evolução da tecnologia, automação dos processos e integração de sistemas, as pessoas que estão por trás das empresas precisam progredir junto com a transformação digital. É fundamental sair de uma lógica linear e fragmentada para um fundamento mais complexo e orgânico. Também é preciso atribuir um novo papel às pessoas diante desse processo, já que, a partir do momento em que o trabalho está conectado com um ecossistema específico, existe a maior flexibilidade para entender os grupos.
Nesse sentido, companhias que descartam a transformação digital podem perder tempo e não perceber a evolução do mercado. As curvas tecnológicas têm ritmos exponenciais e isso provoca uma pequena percepção do impacto para os negócios. Essa mudança pode parecer lenta no primeiro momento, mas se for comparada com os demais concorrentes que optaram pelo progresso, a diferença fica evidente. Na gestão de processos de negócios, o tripé que consiste em tecnologias, pessoas e processos deve estar alinhado às transições e precisa ser revisto sempre que houver uma nova adaptação dentro dessas atividades.
A tecnologia não é a solução, ela é apenas o meio. Portanto, as indústrias que continuarem na inércia e ignorarem a evolução dos grupos de interesse e do mundo corporativo poderão sofrer danos irreversíveis. Vale lembrar que as organizações precisam seguir essa linha evolutiva que o mercado impõe, mas devem também buscar desenvolver um trabalho focado na lógica de pessoas e não de máquinas.
Thammy Marcato, sócia-diretora de inovação e transformação digital da KPMG e Camilla Padua, sócia-diretora líder de consultoria de pessoas da KPMG.