Smartgrids e smartwaters terão rede própria de comunicação

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Com a aprovação na semana passada da Portaria 43 pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a rede inteligente de medição elétrica (smartgrid) se mostra como uma grande oportunidade para o mercado. Tanto que a norte-americana especializada em infraestrutura para smart grid Sensus anunciou a aquisição de 15% da brasileira CAS Tecnologia, provedora de TI para Meter Data Management, para explorar não só o setor energético, mas também o de medição inteligente de água (smartwater) que, segundo eles, tem um potencial de movimentar US$ 36 bilhões juntos no Brasil na próxima década. As empresas anunciaram nesta terça-feira, 21, em São Paulo, suas estratégias para explorar essa oportunidade, com um diferencial: uma rede própria de comunicação com os aparelhos.

De acordo com o presidente da CAS, Welson Jacometti, a intenção é utilizar a tecnologia de medição avançada da Sensus, chamada FlexNet, para possibilitar a comunicação bilateral com uma infraestrutura criada especificamente para utilities. “É uma rede de longa distância que permite a coleta de dados de medição de uma cidade ou estado inteiro e tem características necessárias para atender a milhões de pontos e em pequena escala também”, explica. A ferramenta se comunica com a plataforma de software Hermera para coletar e analisar os dados, cruzando informações para informar a distribuidora sobre potenciais problemas, como um vazamento em alguma tubulação e sua localização.

A comunicação em rádio funciona com frequência licenciada “com as faixas que estiverem disponíveis no País, abaixo dos 900 MHz”, segundo Jacometti. Ele afirma que a rede comum GSM não poderia trazer a mesma confiabilidade de leitura para a análise em tempo real do consumo com o envio de dados. Além disso, a frequência de 3,5 GHz também não poderia ser utilizada por conta de interferências com “obstáculos de alvenaria”. Um sistema dedicado, na visão da CAS e da Sensus, pode ser mais estável, com melhor recepção e mais segurança, com criptografia para o tráfego de informações (a ser feita via protocolo IPv6).

Para suportar isso, a FlexNet precisará de instalações de estações radiobase (ERBs). O vice-presidente executivo da Sensus, Jose Antonio Hernandez, afirma que cada torre, “geralmente equipada com ferramentas da Texas Instruments”, é capaz de cobrir uma área de 200 km². “O estado de Saskatchewan, no Canadá, é maior do que a França e lá, com 230 torres Flexnet, cobrimos tudo”, compara. Nos Estados Unidos, essa comunicação, que poderia servir para a medição de água, energia ou gás, pode ter dois modelos de exploração: aluguel para a empresa de saneamento e eletricidade ou venda da licença para as distribuidoras. Tudo com intermédio da Sensus e a CAS.

Estratégia

Hernandez afirma que o investimento em infraestrutura é compensado com a economia proporcionada pelos medidores inteligentes. “Os equipamentos instalados pelas empresas de saneamento no Brasil têm um ponto em comum: são mecânicos. É como uma comparação entre uma máquina de escrever e um laptop”, afirma, fazendo uma analogia com o hidrômetro comum e o iPearl, o aparelho de smartwater. Como realiza as medições por campo magnético, sem peças móveis interferindo no fluxo d’água, o dispositivo consegue diminuir a margem de erro para quase zero. “A tecnologia dos hidrômetros está mais para o século 19 do que para o 21 – eles têm uma incapacidade de medir em torno de 15 litros por hora", diz Welson Jacometti, uma vez que os medidores mecânicos não conseguem reduzir essa margem de erro.

O índice de perda pode ficar, em média, em 7% “somente com programas de otimização”, podendo chegar a 25% em alguns casos. Os executivos lembram que, como não há depreciação de componentes ou perda de sensibilidade na aferição durante sua vida útil, os medidores inteligentes podem sobreviver por 15 anos com a mesma margem de erro sem precisar de calibragem, enquanto os hidrômetros comuns precisariam de três ou quatro trocas no mesmo período.

O próximo passo será aguardar a homologação do iPearl 2.0, que possui melhor capacidade, em “clientes maiores”. A Sensus e a CAS estão em processo de conversa com empresas de saneamento, já que o setor elétrico com as smartgrids já está regulamentado. “Não vemos sentido em colocar o equipamento em favelas, o consumo não é tão grande e não vão pagar por isso, não terá subsídio. Mas, em um processo de sete anos, a maioria do parque já será eletrônico”, conclui Jose Hernandez.

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