Há alguns anos, quando não se tinha ideia de como a tecnologia movimentaria a vida das pessoas, algumas apostas pareciam certeiras: o telefone não iria superar o telégrafo, não haveria interesse na compra de um computador pessoal e doméstico, o iPhone seria um fracasso de vendas e locadoras de filmes existiriam para sempre.
Hoje, temos as respostas para essas apostas: o telégrafo já não está mais em funcionamento, computadores pessoais e portáteis substituem máquinas pesadas de desktop, o iPhone é um dos produtos mais buscados por pessoas no mundo todo e locadoras de filmes são escassas, senão inexistentes, graças ao sucesso dos streamings.
E, se anos atrás as previsões passaram longe de acertar, seria possível, hoje, antever a próxima curva de inovação? É o que especialistas já começam a discutir e querem saber.
Atualmente, parece óbvio dizer que os smartphones são a tecnologia dominante e seria difícil imaginar uma rotina sem eles, ou, ainda, o fim dessa era. Com isso, o que poderia indicar sinais de uma próxima curva de inovação seriam problemas com a atual.
Em meio à inovação dos smartphones, a maior novidade veio com Steve Jobs, que criou o iPhone em janeiro de 2007, algo muito novo, para a época, devido a sua capacidade de produzir dados em quantidade e velocidade exponencial.
Desde então, nada se viu de muito extraordinário além de mudanças estéticas e superficiais em design, câmeras e baterias mais potentes.
O que balançou esse mercado tecnológico, de fato, recentemente, foram os aplicativos, que, em um número de mais de 6 milhões na Apple Store e Play Store, possibilitaram que os smartphones fossem mais do que simples celulares: transformaram-se em lanternas, estúdios de áudio, editor de imagens, leitor de códigos, caixa eletrônico e muitas outras funções.
No entanto, ainda que os aplicativos sejam milhares, já há indícios de que os usuários estão mudando sua forma de consumo e escolhendo melhor o que usam em seus celulares, buscando preservar e economizar dados.
É nessa queda que problemas podem apontar para a próxima inovação disruptiva da humanidade.
Para o futurista Ray Kurzweil, toda vez que uma tecnologia enfrenta um obstáculo que desacelera seu crescimento, surge uma nova para romper com a anterior. Seu palpite é de que, em 2045, por exemplo, a humanidade deverá atingir sua singularidade tecnológica, ou seja, a inteligência artificial irá superar a inteligência humana de tal forma que, com a capacidade mental atual, não é possível saber o que acontecerá na prática.
Vivemos em um cenário incerto que não aponta uma próxima curva tão clara, no entanto, estamos em um espaço de muitas oportunidades que podem se tornar a nova onda disruptiva.
A primeira delas é a do blockchain, tecnologia de criptomoedas com redes descentralizadas que são capazes de reestruturar toda a arquitetura das relações sociais, fazendo com que o consenso e a coletividade passem a ser as regras de segurança dos negócios.
Outra tecnologia que também atua no sentido de repensar a atual estrutura tecnológica é a Web dos Dados, uma ideia que vem sendo desenvolvida por Tim Berners-Lee, o mesmo criador da Web, para corrigir os defeitos da internet.
Segundo ele, a internet, hoje, possui três principais ameaças: atividades maliciosas, projetos de design duvidoso e consequências não intencionais, como discussões agressivas ou polarizadas.
Com esses exemplos, vemos que ainda usamos a internet de uma forma muito interpessoal e, talvez, esse seja o ponto da próxima curva de inovação: uma tecnologia que seja capaz de proporcionar experiências de ultraconectividade que aproximem ainda mais as pessoas.
Com o surgimento da tecnologia 5G, realidade aumentada, blockchain, computação quântica, entre outros avanços, é possível pensar que esse futuro pode estar mais perto do que esperamos.
Podemos não saber, ainda, qual a nova curva de inovação e qual tecnologia será substituída pela atual, mas existem diversas ferramentas já existentes que podem avançar para o futuro e se tornarem nosso principal meio de comunicação ou execução de tarefas.
A verdade é que devemos nos preparar, principalmente quanto aos impactos que uma nova curva pode causar nas operações das empresas, o que abrange, inclusive, a substituição de modelos de negócios de forma ágil.
Imagine se por exemplo, os smartphones e toda a conectividade remota deixar, em um futuro muito próximo, de existir ou se tornarem tão ineficientes em virtude de novas tecnologias… sua empresa estará preparada para surfar a nova onda? Ou morrerá afogada?
Alan Lopes, CEO da CRM Services.