A plataforma brasileira de bug bounty BugHunt revelou que a maioria dos bughunters, profissionais de tecnologia também conhecidos como hackers do bem, veem o trabalho de busca de vulnerabilidades virtuais como uma oportunidade para obter renda extra e ainda desenvolver suas habilidades como especialista em cibersegurança.
Os dados são frutos do Raio X dos Bughunters, uma pesquisa própria, e a primeira com especialistas do setor no Brasil, que contou com a participação de 12 mil profissionais da área. O levantamento mostra que 78,3% desses hackers éticos atuam visando a rentabilidade financeira, enquanto o desenvolvimento profissional apresenta números bem próximos, sendo indicada como motivação por 65% dos entrevistados. A terceira justificativa mais citada foi a criação de uma rede forte de networking, aparecendo entre 26,75% dos profissionais.
Além de explorar as motivações por trás do ofício desses hackers do bem, o Raio X dos Bughunters ainda traçou um perfil mais detalhado sobre estes profissionais. De acordo com a pesquisa, 48,3% dos profissionais contam com formação em segurança da informação, enquanto 33% são formados em TI. Pensando na faixa etária, a coleta mostrou que a grande maioria entre os hackers são jovens, porém com uma divisão entre gerações quase igualitária entre os especialistas de 17 a 24 anos, com 41,7% dos entrevistados, e 25 a 35 anos, com 40%.
Outro dado identificado pelo estudo mostra que 40% dos bughunters já detectaram bugs em pelo menos cinco empresas distintas. Para Telles, o número alto expõe a fragilidade do cenário brasileiro no que se diz respeito às falhas nos sistemas das companhias nacionais.
A pesquisa coletou ainda informações referentes às principais causas destes problemas, identificando as vulnerabilidades técnicas (aparecendo em 56,7% das vezes), a exposição de dados (presente em 53,3% dos casos) e a injeção de códigos ou scripts (ocorrida em 53,3% das ocasiões), como os bugs mais recorrentes no país.
O bug bounty é uma ferramenta de prevenção aos ciberataques. A prática usa o princípio do crowdsourcing – modelo de produção em que se usa conhecimentos coletivos e voluntários, geralmente recrutados pela internet – na cibersegurança. Os programas reúnem especialistas que realizam testes e buscam vulnerabilidades em sistemas e serviços de uma empresa, em troca de uma recompensa em dinheiro.
Trata-se de uma modalidade de compensação por bugs, oferecida por plataformas como a BugHunt, em que hackers éticos podem receber reconhecimento e retribuição monetária por relatar falhas e vulnerabilidades que colocam em risco a segurança de diversos sistemas.