Empresas decidem formar talentos em Cobol

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A falta de mão-de-obra especializada em Cobol, linguagem de programação para mainframe, levou a DTS Consulting a abrir o seu centro de treinamento nesta tecnologia para o mercado. A empresa já oferecia capacitação nessa área para novos talentos do seu programa de estagiários e agora vai formar também profissionais para atender a demanda do mercado.

Fernando Parra, presidente da DTS, esclarece que a empresa não vai ministrar cursos e que o novo serviço surgiu de uma necessidade do mercado. ?Há uma grande demanda por especialistas em Cobol por uma falta de visão das universidades que não estão formando profissionais na quantidade que o mercado precisa. Resolvemos levantar essa bandeira e formar mão-de-obra?, diz o executivo.

A primeira turma do curso formou 25 profissionais em Cobol, sendo que 18 foram aproveitados pela própria DTS. Parra diz que a empresa tem uma grande demanda por esses especialistas, pois a maioria de seus clientes tem mainframe e precisa de programadores com conhecimentos nesta plataforma. Ele cita os exemplos das instituições financeiras Santanter, Bradesco e Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA). ?As grandes corporações estão baseadas em Cobol e precisam desses profissionais?, afirma o executivo acrescentando que essa demanda aumentou mais ainda depois que algumas empresas investiram em centros de desenvolvimento no País para explorar o mercado de offshore.

Parra diz que as universidades têm uma visão míope por estarem preocupadas em formar mão-de-obra só em plataforma baixa, dando grande ênfase a cursos de Java e .Net. Ele chama atenção de que por trás da explosão de serviços web há um mainframe suportando o processamento da grande massa de dados que o usuário visualiza pela internet.

Segundo o presidente da DTS, os profissionais que investirem nessa área vão se dar bem. De acordo com ele, a faixa salarial para iniciante em Cobol gira em torno de R$ 1,2 mil; para analista de nível médio cerca de R$ 4 mil e sênior aproximadamente R$ 7 mil. Como existe carência desses especialistas, as empresas estão valorizando muito estes talentos e tentando segurá-los de todas as formas.

Outras iniciativas

?Tem muita demanda por Cobol, mas as universidades não estão formando profissionais nesta linguagem?, afirma Luiz Coelho, gerente de sistemas da prestadora de serviços alemã, T-Systems, que assumiu a Gedas. A empresa abriu um centro de desenvolvimento recentemente em Blumenau (SC) para atender o mercado de offshore e um dos requisitos para contratar os profissionais foi o comprometimento deles em estudar Cobol.

A T-Systems tem clientes como as montadoras Volkswagen e Daimler Chrysler, que operam com Cobol. Para recrutar profissionais para sua nova unidade, a empresa fechou uma parceria com a Blusoft, entidade que controla o pólo tecnológico de Blumenau, e desenvolve o Programa Entra 21 com apoio da Fundação Internacional para a Juventude (IYF) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A meta é capacitar jovens entre 16 e 25 anos para o mercado de trabalho de TI. Dezenove jovens desse projeto já estão empregados na T-Systems.

A CPM é outra que precisa garimpar muito o mercado para encontrar especialistas em Cobol e outras plataformas para mainframe e, por isso, firmou acordos com universidades. Lílian Picciatti, diretora de outsourcing da empresa, conta que a carência por profissionais nessa plataforma vem ocorrendo há cerca de cinco anos. O quadro começou a mudar com a movimentação do Brasil para explorar, com mais ênfase, o mercado de offshore.

Flávia Guerra, gerente executiva da prestadora de serviços mineira MSA, observa que muitos bancos operam com Cobol e que o mercado não pode ficar sem especialistas. Recentemente, ela recebeu uma demanda por profissionais de um cliente e precisou buscar talentos no Brasil inteiro. Acabou tendo que treinar 40 pessoas.

A dificuldade em achar esse tipo de mão-de-obra estimulou a companhia até a investir em estudantes do ensino médio de escolas técnicas. Eles são preparados para serem programadores e a vantagem de investir nesses jovens, segundo Flávia, é que eles querem um emprego e não estão preocupados se vão trabalhar com .Net. Java ou Cobol.

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